Dia após dia, a parceria espacial entre russos e norte-americanos parece mais instável. Essa parceria vem se desgastando mais desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, no último dia 24, fazendo com que os EUA e vários outros países começassem a impor novas sanções econômicas

Em resposta, a Rússia suspendeu a venda de motores de foguetes para empresas norte-americanas e cancelou lançamentos de seus foguetes Soyuz do espaçoporto europeu na Guiana Francesa, entre outras medidas. Dmitry Rogozin, chefe da agência espacial russa Roscosmos, chegou a questionar a participação do país no programa da Estação Espacial Internacional (ISS)

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“Talvez você trabalhe no McDonald’s, se ainda existir na Rússia”

Recentemente, Rogozin disparou uma série de tweets furiosos. Entre os alvos das postagens estava o ex-astronauta da Nasa Scott Kelly, que tem tuitado frequentemente, em russo, sobre a invasão da Ucrânia, mirando especificamente na Roscosmos e em Rogozin.

Na semana passada, o chefe da agência espacial russa postou um vídeo de funcionários tapando as bandeiras dos EUA, Japão e outras nações que estão pintadas na fuselagem do foguete Soyuz que deveria lançar 36 satélites de internet para a empresa britânica OneWeb do Cosmódromo de Baikonur, administrado pela Rússia, no Cazaquistão.

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https://twitter.com/Rogozin/status/1499043075586469900

“Os lançadores em Baikonur decidiram que sem as bandeiras de alguns países, nosso foguete ficaria mais bonito”, tuitou Rogozin.

Esse lançamento, marcado para 4 de março, não aconteceu, porque a OneWeb e o governo britânico, que detém parte da empresa, recusaram-se a atender às novas demandas impostas pela Roscosmos.

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Kelly respondeu ao tweet no domingo (6). “Dimon, sem essas bandeiras e o câmbio que eles trazem, seu programa espacial não valerá nada. Talvez você possa encontrar um emprego no McDonald’s, se o McDonald’s ainda existir na Rússia”.

Rogozin disparou de volta com um tweet que dizia: “Saia, idiota! Caso contrário, a morte da ISS será em sua consciência!”.

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No entanto, esse tweet foi logo apagado, e o ex-astronauta pediu uma explicação. “Dimon, por que você excluiu este tweet? Não quer que todos vejam que tipo de criança você é?”.

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Tom agressivo é marca registrada de chefe da Roscosmos

“Dimon” é uma forma carinhosa e íntima do nome “Dimitry”, e o uso do apelido por parte de Kelly não agradou em nada Rogozin. “Sr. Scott Kelly! Você me provoca desnecessariamente. Não estamos familiarizados com você, mas você… Me chama de ‘Dimon’, embora eu não saiba tal tratamento e não permitirei que se comporte assim comigo. Você está sendo desafiador e destrutivo”, tuitou o russo na segunda-feira (7).

https://twitter.com/Rogozin/status/1500876068026302466

“Talvez a demência e a agressão que você desenvolveu seja uma consequência da sobrecarga e estresse de quatro voos para o espaço. Convido você a se submeter a um exame no Instituto do Cérebro da nossa Agência Federal médica e biológica”, acrescentou, no dia seguinte.

Kelly visitou a ISS em três de seus quatro voos espaciais, passando cerca de um ano a bordo do laboratório em órbita em sua missão final, que durou de março de 2015 a março de 2016. O outro voo foi uma missão de ônibus espacial que atendeu o Telescópio Espacial Hubble, em 1999. 

Rogozin é conhecidamente adepto à linguagem agressiva e controversa. Em 2014, por exemplo, quando era vice-primeiro-ministro da Rússia, sugeriu que a Nasa usasse um trampolim para enviar seus astronautas à estação espacial. Esta foi uma expressão de descontentamento com as sanções impostas após a invasão da Crimeia pela Rússia. Na época, a espaçonave Soyuz era o único veículo capaz de transportar astronautas de e para o laboratório orbital.

Recentemente, o mesmo tom foi usado ao anunciar que a Rússia não venderia mais motores de foguetes para empresas americanas. “Deixe-os voar em outra coisa, suas vassouras, não sei o quê”, declarou Rogozin à mídia televisiva russa, segundo a Reuters.

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