Se já não bastasse a escassez de semicondutores no mercado, os dois principais fornecedores da metade do suprimento mundial de néon, o principal ingrediente utilizado na fabricação de chips, interromperam suas operações na Ucrânia em meio aos ataques cada vez mais intensos da Rússia.

Como contexto, segundo um levantamento da empresa de pesquisa de mercado Techcet, até 54% do néon do mundo, parte crítica para os lasers usados ​​nas fábricas de chips, vem de duas empresas ucranianas: a Ingas e a Cryoin.  A medida ameaça agravar a crise dos chips e aumentar os preços de componentes eletrônicos.

chips na crise Ucrânia x Rússia
Os principais fornecedores de néon, o principal ingrediente utilizado na fabricação de chips, interromperam suas operações na Ucrânia. Imagem: Novikov Aleksey/Shutterstock

A paralisação ainda reforça o cenário de incerteza no segmento de produção de chips, visto que o setor já sofreu com a pandemia. Embora as estimativas sobre a quantidade de estoques de néon sejam diversas, a produção pode ser afetada se o conflito se prolongar por mais semanas.

“Se os estoques se esgotarem em abril, isso provavelmente significará mais restrições para a cadeia de suprimentos e a incapacidade de fabricar o produto final (chip) para muitos clientes importantes”, disse Angelo Zino, analista da empresa de pesquisas CFRA.

publicidade

Leia mais:

Antes da invasão, a Ingas produzia e vendia o material para clientes em Taiwan, Coréia, China, Estados Unidos e Alemanha, com cerca de 75% indo para a indústria de chips, disse Nikolay Avdzhy, diretor comercial da empresa que fica em Mariupol, cidade já tomada pelas forças russas. 

A Cryoin, por sua vez, está localizada em Odessa e interrompeu as operações logo quando os ataques começaram. A medida foi adotada para manter os funcionários seguros, disse a diretora de desenvolvimento de negócios da empresa, Larissa Bondarenko.

Bondarenko acrescentou que já não será possível atender aos pedidos de néon para março, a menos que a guerra acabe. Ela disse que a empresa pode resistir aos próximos três meses com a fábrica fechada, mas alertou que se os equipamentos forem danificados, o reinício das operações pode demorar mais que o esperado.

O néon ucraniano é um subproduto da fabricação de aço russo. Os preços, já pressionados pela pandemia, já subiram até 500% em relação a dezembro do ano passado, segundo a Reuters.

Vale lembrar que os preços da matéria-prima subiram 600% no período que antecedeu a anexação da península da Crimeia pela Rússia em 2014.

Via: Reuters

Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!