Um estudo conduzido pela doutoranda em Ciências da Terra e Planetárias pela Universidade McGill, no Canadá, Erin Gibbons, fez uso do instrumento SuperCam do rover Perseverance, da Nasa, aplicando seus feixes de laser para “zapear” rochas em Marte e determinar sua química.

Imagem captada pelo rover Perseverance enquanto ele fazia raspagens em rochas marcianas. Câmera com sensor a laser do equipamento pode revelar pistas sobre a quimica das rochas marcianas. Imagem: NASA / JPL-Caltech

Como se sabe, a paleta de cores da superfície de Marte é de tons quentes suaves, como o laranja queimado, que refletem os minerais do solo, em especial o ferro, que oxidam sob a atmosfera, enquanto um cinza suave caracteriza rochas não enferrujadas. Agora, o rover Perseverance está adicionando outra cor ao cenário regular de Marte: o roxo.

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Ao longo do ano passado, vimos manchas proeminentes de púrpura salpicadas no topo das rochas. As manchas variam de folheados finos a borrões grossos e, geralmente, têm uma textura lisa e opaca. Outros rovers de Marte, como Curiosity e Opportunity, também observaram rochas de cor roxa, mas não com esse tipo de textura manchada e certamente não em tanta abundância. 

“Estamos ansiosos para entender o que esses enigmáticos revestimentos rochosos revelam sobre a história da cratera Jezero”, disse Erin, em referência ao ponto de pouso do rover Perseverance em Marte. “Eles se formaram quando as águas antigas reagiram com as rochas? Ou eles se formaram ao longo de milhões de anos de acúmulo de poeira e cimentação em um mundo já árido? Precisamos de mais detalhes sobre sua maquiagem para ter certeza”.

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Radiação é usada para entender a composição das rochas em Marte

Erin conta que o processo de zapping da SuperCam é muito intenso. “No impacto, o laser aquece a rocha a quase 10 mil graus Celsius, vaporizando uma pequena quantidade de material e convertendo em plasma.

Segundo a pesquisadora, quando o laser para de disparar, o plasma esfria e emite radiação em comprimentos de onda que correspondem aos constituintes químicos do material vaporizado. 

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“Registramos essa radiação e a usamos para interpretar do que são feitas as rochas. Um benefício adicional dessa técnica é que podemos usar a vaporização para perfurar efetivamente um alvo: ao disparar repetidamente o laser no mesmo local, vaporizamos cada vez mais material e penetramos mais fundo, permitindo-nos estudar o interior”, explicou Erin.

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Para entender as manchas roxas nas rochas de Jezero, os cientistas apontaram o laser para um pequeno borrão e dispararam 150 vezes (“5x mais do que nossa operação típica”, disse Erin). “O objetivo é vaporizar através do material roxo e na rocha abaixo, revelando assim como a química muda entre as duas camadas”.

Erin diz que o buraco de perfuração com laser terá menos de 1 mm de profundidade – no entanto, segundo ela, pode revelar pistas sobre a evolução ambiental na cratera Jezero como um todo. “Compreender como e quando esses revestimentos roxos se formaram ajudará a desvendar como Jezero fez a transição de um lago para uma bacia de poeira”, disse Erin.

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