Pesquisadores encontraram um dente pertencente a um dos maiores carnívoros que já existiram na Terra: um verdadeiro monstro do mar do período Triássico conhecido como ictiossauro. 

Embora a coroa do dente esteja parcialmente faltando, a raiz da presa fóssil é duas vezes maior do que qualquer outro dente de ictiossauro já encontrado, de acordo com um novo estudo publicado no Journal of Vertebrate Paleontology. Segundo os autores do estudo, o recordista anterior de maior dente era um ictiossauro de quase 15 metros de comprimento.

O recém-descoberto dente ictiossauro tem 10 cm de comprimento e tem parte da coroa faltando. Ele pode ter pertencido a um dos maiores monstros marinhos de todos os tempos. Imagem: Dr. Martin Sander/ Dr. Heinz Furrer

Como os cientistas só têm meio dente para basear suas pesquisas, nesse caso é impossível precisar as características de seu dono. “É difícil dizer se o dente é de um grande ictiossauro com dentes gigantes ou de um ictiossauro gigante com dentes de tamanho médio”, disse o principal autor do estudo, P. Martin Sander, da Universidade de Bonn, na Alemanha.

Ictiossauros, cujo nome se traduz em “lagartos-peixe”, surgiram durante o período Triássico médio (cerca de 252 milhões a 201 milhões de anos atrás) pouco depois da extinção do Fim do Permiano ter exterminado cerca de 95% da vida nos oceanos da Terra. 

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Aproximadamente 5 milhões de anos após seu surgimento, os ictiossauros chegaram a tamanhos enormes e dominaram todos os oceanos do mundo, de acordo com os autores do estudo.

O maior ictiossauro conhecido é o Shastasaurus sikanniensis — uma criatura semelhante a uma baleia que podia chegar a 21 metros de comprimento ou até mais. Para efeito de comparação, as baleias azuis atuais geralmente medem entre 24 e 30 metros de comprimento, enquanto o rei carnívoro T. Rex tinha uma média de 12 metros de comprimento, de acordo com o Museu Americano de História Natural.

Descoberta do dente de ictiossauro é rodeada de mistérios

Muitos grandes ictiossauros, incluindo o gigantesco Shastasaurus, parecem ter se tornado predadores superiores sem nunca evoluir dentes, segundo esse estudo. Apenas uma espécie de ictiossauro gigante — o Himalaiauro, de 50 metros de comprimento, descoberto no Tibete — é conhecido por ter uma boca cheia de dentes. 

Assim, quando os cientistas descobriram um único grande dente de ictiossauro fóssil na Formação Kössen dos Alpes Suíços — uma formação rochosa de 2,8 mil metros de altura que existia no fundo do mar — a equipe se deparou com um mistério.

Os pesquisadores analisaram o dente fóssil em detalhes, juntamente com algumas grandes costelas e vértebras de ictiossauro descobertas na mesma formação alpina entre 1976 e 1990. A equipe comparou a amostragem de ossos com outros fósseis gigantes de ictiossauros com esqueletos mais completos, a fim de estimar o tamanho e espécie dos novos espécimes.

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Medindo cerca de 6 cm de largura na raiz e 10 cm de altura da raiz até a extremidade quebrada da coroa, o dente fóssil é duas vezes maior que qualquer dente conhecido de Himalaiauro, afirmam os pesquisadores. 

O padrão único de dentina – o tecido duro que compõe a maior parte dos dentes de répteis e mamíferos – atesta que o dente pertencia a um ictiossauro, mas o tamanho extraordinário do fóssil não se encaixa com nenhuma espécie conhecida. 

Se o corpo da criatura era significativamente maior que o de um Himalaiauro, como o dente parece sugerir, então os pesquisadores podem ter encontrado o maior ictiossauro já descoberto.

Da mesma forma, as costelas e vértebras encontradas na Formação Kössen são alguns dos maiores fósseis de ictiossauros do seu tipo já descobertos na Europa. O dente, as costelas e as vértebras parecem pertencer a três espécimes diferentes de ictiossauros – todos gigantescos.

“Esses ictiossauros gigantes triássicos estavam claramente entre os maiores animais que já habitam nosso planeta”, disseram os pesquisadores em um comunicado.

Por enquanto, os pesquisadores atribuíram os três espécimes à família Shastasauridae — a mesma família dos gigantes Shastasauro, Xonissauro e Himalaiauro. Mais estudos são necessários para se chegar a uma conclusão sobre a espécie, se é que seja possível.

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