É possível ouvir os sons da aurora boreal mesmo sem os efeitos luminosos

Flavia Correia16/05/2022 16h10, atualizada em 14/08/2025 11h28
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Representação artística de como as auroras marcianas detectadas pela sonda Hope, dos Emirados Árabes Unidos, podem ter parecido sob a ótica da superfície do planeta. Crédito: Emirates Mars Mission
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Um estudo apresentado na Conferência de Acústica Conjunta EuroRegio/BNAM 2022, em Aalborg, na Dinamarca, aponta que é possível ouvir os sons da aurora boreal mesmo na ausência de luzes visíveis.

De acordo com o cientista Unto K. Laine, professor emérito da Universidade de Aalto, na Finlândia, que fez gravações de sons aurorais ao longo de muitos anos, o fenômeno é muito mais comum do que se pode imaginar. “Isso anula o argumento de que os sons aurorais são extremamente raros e que a aurora boreal deve ser excepcionalmente brilhante e movimentada”.

Som de aurora boreal captado em 2004 por Unto K. Laine, professor emérito da Universidade de Aalto, na Finlândia, que se dedica há muitos anos ao estudo da acústica das luzes do norte. Crédito: Universidade de Aalto

Em 2016, Laine publicou um artigo relacionando gravações de sons crepitantes e estalos durante um evento auroral com perfis de temperatura medidos pelo Instituto Meteorológico Finlandês (FMI). 

Esses dados não apenas demonstraram que a aurora emite sons, como também sustentaram a teoria de Laine de que os ruídos resultam de descargas elétricas através de uma camada de inversão de temperatura cerca de 70 metros acima do solo.

As gravações mais recentes foram feitas à noite, perto da vila de Fiskars, localizada na cidade de Raseborg, na costa sul da Finlândia. Ainda que nenhum efeito luminoso fosse visível, a gravação capturou centenas de potenciais “sons aurorais”. 

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Quando as gravações foram comparadas com as medidas de atividade geomagnética pelo FMI, ficou evidente uma forte correlação. Os 60 melhores candidatos a sons de aurora estavam todos ligados a mudanças no campo geomagnético da Terra.

“Usando os dados geomagnéticos, que foram medidos de forma independente, é possível prever quando sons aurorais acontecerão nas minhas gravações com 90% de precisão”, diz Laine. Sua análise estatística sugere uma ligação causal entre flutuações geomagnéticas e sons aurorais.

Para Laine, a descoberta mais marcante é o fato de que sons aurorais ocorreram mesmo na ausência de luzes visíveis do norte. “Essa foi a maior surpresa. Os sons são muito mais comuns do que qualquer um pensava, mas quando as pessoas as ouvem sem aurora visível, elas pensam que é apenas gelo rachando ou talvez um cão ou algum outro animal”, diz ele.

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Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.