Com investimento de US$ 3,4 bi, Lucid criará sua primeira fábrica fora dos EUA na Arábia Saudita

Lucid vai construir primeira fábrica fora dos EUA na Cidade Econômica Rei Abdullah, uma megacidade no meio do deserto da Arábia Saudita
Por Lucas Berredo, editado por Fábio Marton 20/05/2022 13h26
Renderização da fábrica da Lucid na Arábia Saudita
Reprodução/Lucid Motors/Twitter
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A Lucid vai construir sua terceira fábrica — a primeira fora dos EUA — na Cidade Econômica Rei Abdullah (Kaec, na sigla em inglês), uma megacidade construída no deserto pelo governo da Arábia Saudita com capacidade para acomodar duas milhões de pessoas. A localidade fica 100 quilômetros ao norte da cidade de Jedá, uma das principais do país.

Com o acordo, confirmado na quarta-feira (18), a Lucid planeja acumular US$ 3,4 bilhões (em torno de R$ 16,5 bilhões) em incentivos nos próximos 15 anos para construir e operar uma fábrica de última geração no deserto da Arábia. A unidade será capaz de produzir 155 mil veículos elétricos por ano e atenderá inicialmente apenas o mercado local. Posteriormente, os carros serão exportados para outros mercados.

A fábrica se encontra no que é considerado o “vale industrial” da Kaec, próxima do porto da cidade — o principal corredor comercial do Mar Vermelho, responsável por movimentar mais de um terço dos volumes de contêineres na região oeste da Arábia Saudita. A sede regional da Lucid no Oriente Médio, em Riad, funciona desde o ano passado.

Executivos da Lucid Motors com representantes do governo saudita
Executivos da Lucid Motors com representantes do governo saudita (Lucid/Divulgação)

O envolvimento da Lucid com os muçulmanos vem desde 2018, quando a empresa da Califórnia — criada por um ex-investidor da Tesla — fez um acordo de financiamento com o PIF (Fundo de Investimento Público, na sigla em inglês) da Arábia Saudita em troca de uma fábrica no lugar. A planta foi confirmada em fevereiro e agora as duas partes fizeram um evento cerimonial de assinatura para oficializar a construção da planta.

No mês passado, o ministério das finanças da Arábia Saudita concluiu um acordo com a Lucid para comprar 50 mil veículos nos próximos dez anos. O preço será definido pelo menor valor do varejo padrão para o mercado árabe, além de custos de logística, importação e homologação. Em uma primeira fase, a montadora produzirá de 1 mil a 2 mil veículos anuais, com a perspectiva de subir para entre 4 mil e 7 mil até 2025.

Lucid Air
Lucid Air (Lucid/Divulgação)

Contexto humanitário ruim

A Lucid nomeou a unidade da Arábia Saudita como “AMP-2” (Planta de Manufatura Avançada nº 2, na tradução do acrônimo em português). Inicialmente, a operação vai remontar veículos pré-fabricados nas instalações da empresa — a “AMP-1” — em Casa Grande, no Arizona (EUA). Com o tempo, ela deve começar a produzir os veículos. As entregas no Oriente Médio também serão feitas com o apoio da fábrica do Arizona.

No pano de fundo para os planos econômicos da Lucid, no entanto, o contexto humanitário na Arábia Saudita não é o mais favorável. Em outubro de 2018, poucos meses após a empresa americana anunciar sua intenção de construir uma fábrica no país, o jornalista Ahmad Khashoggi foi esquartejado e morto no consulado saudita em Istambul, na Turquia. O herdeiro do trono saudita, o príncipe Mohammed bin Salman, é acusado de ter ordenado seu assassinato.

Neste sentido, é pouco justificável a instalação de uma fábrica na Arábia. Empresas transnacionais, em geral, querem estabelecer filiais em locais onde a segurança jurídica é garantida. A fuga de capital externo da Rússia por conta do conflito com a Ucrânia é uma prova de como uma aposta em um lugar instável pode dar errado.

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Redator(a)

Lucas Berredo é redator(a) no Olhar Digital

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