Ainda no aguardo de concluir o principal teste de pré-lançamento pelo qual deve passar (o chamado “ensaio molhado”), o megafoguete Space Launch System (SLS), bem como a cápsula Orion, já têm novas datas programadas pela NASA para, finalmente, seguirem rumo à Lua, no primeiro voo do Programa Artemis.

O foguete Space Launch System (à esquerda) e a espaçonave Orion (à direita) serão usados na missão Artemis 1, o voo inaugural do Programa Artemis de exploração lunar. Imagem: NASA/Kim Shiflett

Como se sabe, esse programa tem por objetivo levar a humanidade a pisar novamente em solo lunar, o que ocorreu pela última vez em dezembro de 1972. Antes que isso aconteça, no entanto, o gigantesco complexo veicular (que tem 98 metros de altura e pesa 2,6 mil toneladas) será lançado sem tripulação para um voo em órbita retrógrada ao redor da Lua, por meio da missão Artemis 1, que visa demonstrar os sistemas integrados de naves espaciais e testar uma reentrada de alta velocidade no sistema de proteção térmica da Orion.

Enquanto a equipe de técnicos e engenheiros da NASA estão trabalhando para lidar com um problema de vazamento de hidrogênio em um dos braços umbilicais que ligam a torre ao foguete, além dos reparos necessários em uma válvula defeituosa (identificados durante as primeiras tentativas de abastecimento), a agência revelou o calendário de janelas de lançamento da missão inaugural.

Confira as possíveis datas de lançamento da missão Artemis 1

Segundo a agência espacial norte-americana, o calendário foi feito levando-se em consideração algumas restrições que envolvem, por exemplo, a mecânica orbital e a disponibilidade da infraestrutura do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, de onde o SLS vai partir.

publicidade

Um dos fatores excludentes é que a cápsula Orion não pode ficar por mais de 90 minutos sem acesso à luz do Sol, fundamental para gerar energia para manter a nave na temperatura correta. Sendo assim, os planejadores da missão descartam as datas que potencialmente poderiam deixar a cápsula no escuro, à sombra da Terra, durante longos períodos.

Abaixo, está a lista completa de oportunidades consideradas para essa missão. Segundo a NASA, o calendário (que você pode acessar na íntegra aqui) está sujeito a alterações.

  • 26 de Julho a 10 de Agosto: 13 oportunidades de lançamento, excluindo 1, 2 e 6 de agosto;
  • 23 de agosto a 6 de setembro: 12 oportunidades de lançamento, excluindo 30, 31 de agosto e 1º de setembro;
  • 20 de setembro a 4 de outubro: 14 oportunidades de lançamento, excluindo 29 de setembro;
  • 17 de outubro a 31 de outubro: 11 oportunidades de lançamento, excluindo 24, 25, 26 e 28 de outubro;
  • 12 de novembro a 27 de novembro: 12 oportunidades de lançamento, excluindo 20, 21 e 26 de novembro;
  • 9 de dezembro a 23 de dezembro: 11 oportunidades de lançamento, excluindo 10, 14, 18 e 23 de dezembro.

Caso nenhuma dessas datas de 2022 sejam aproveitadas, a missão poderá ser lançada no ano que vem, considerando a programação a seguir:

  • 7 a 20 de janeiro: 10 oportunidades de lançamento, excluindo 10, 12, 13 e 14 de janeiro;
  • 3 a 17 de fevereiro: 14 oportunidades de lançamento, excluindo 10 de fevereiro;
  • Março: 19 oportunidades de lançamento entre 1º e 17 de março e de 29 a 31 de março, excluindo dia 11 e de 18 a 28 de março;
  • Abril: 14 oportunidades de lançamento entre 1º e 13 de abril e de 26 a 30 de abril, excluindo 2, 3, 7, 9 e de 14 a 25;
  • Maio: 14 oportunidades de lançamento entre 1º e 10 de maio e de 26 a 31 de maio, excluindo dia 8 e de 11 a 25 de maio;
  • Junho: 13 oportunidades de lançamento de 1º a 6 de junho, em 20 de junho e de 24 a 30, excluindo 5, de 7 a 19 e de 21 a 23.

A data de lançamento da missão também determinará por quanto tempo a cápsula Orion ficará no espaço. Segundo a NASA, a missão poderá ter entre 26 e 28 dias de duração, ou de 38 a 42 dias, a depender do dia em que o SLS puder decolar. “A duração da missão é variada realizando meia volta ou 1,5 voltas ao redor da Lua na órbita distante retrógrada, antes de retornar à Terra”, explicou a agência em comunicado.

Leia mais:

Relembre a “novela” do ensaio molhado do SLS

Com previsão de aproximadamente 48 horas de duração, os testes começaram no dia 1º de abril, mas, ao identificar uma série de falhas críticas no carregamento de hidrogênio líquido e oxigênio líquido nos propulsores do SLS, a NASA resolveu interromper o processo para dar prioridade ao lançamento da missão Ax-1, primeiro voo tripulado de caráter privado à Estação Espacial Internacional (ISS) sem a presença de um astronauta da ativa de qualquer agência federal, que aconteceu do dia 8 de abril.

Assim, o ensaio molhado foi retomado na segunda-feira seguinte (12), com previsão de conclusão na quarta-feira (14). Dessa vez, as equipes responsáveis preferiram modificar os procedimentos, abastecendo com hidrogênio líquido e oxigênio líquido apenas o estágio principal, deixando de preencher o estágio superior.

Abastecimento do SLS, que vai levar a missão Artemis-1 para a Lua na plataforma 39B do Kennedy Space Center em Cabo Canaveral, Flórida
O megafoguete, com a cápsula Orion no topo, posicionado na plataforma 39B do Centro Espacial Kennedy, em Cabo Canaveral, na Flórida, para uma das tentativas frustradas de abastecimento, que configuram o chamado “ensaio molhado”. Imagem: NASA/Joel Kowsky

No entanto, novamente as coisas não saíram como planejado, tendo sido suspenso o ensaio, com expectativa de retomada, a princípio, no dia 21 daquele mês. Depois de divulgar essa possível data, a NASA anunciou o recolhimento da pilha SLS + Orion de volta ao Edifício de Montagem de Veículos (VAB) para proceder com uma análise criteriosa e os reparos necessários na válvula defeituosa identificada na torre de lançamento móvel e um vazamento de hidrogênio em um dos braços umbilicais que ligam a torre ao foguete.

Por volta das 7h da manhã do dia 26, pelo horário de Brasília, o megafoguete e a espaçonave Orion chegaram ao VAB, no Centro Espacial Kennedy, na Flórida, após uma viagem de 10 horas partindo da plataforma de lançamento 39B, de onde foram retirados para revisão.

Desde então, as equipes estão trabalhando na solução dos problemas identificados. A válvula defeituosa já foi substituída, e os engenheiros descobriram que detritos de borracha impediram que ela selasse corretamente. Segundo a agência, os detritos não eram parte da válvula, e sua origem permanece sob investigação. 

Eles também detectaram que alguns dos parafusos de um dos braços umbilicais que ligam a torre ao foguete se soltaram ligeiramente devido à compressão relaxada em uma junta, levando ao vazamento de combustível.

Agora, serão realizados checkouts adicionais, para só então o conjunto SLS+Orion voltar à plataforma de lançamento para a retomada do ensaio molhado, que deve ocorrer em meados ou fim de junho.   

Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!