O Eclipse Total da Lua do último dia 16 de maio foi, de fato, escuro como se esperava. Entretanto, a influência da pluma do Vulcão Tonga não foi tão alta. A conclusão é de Hélio Vital, especialista em eclipses que reuniu os dados observacionais de astrônomos amadores de todo o país. 

De acordo com os resultados preliminares publicados por Hélio, a magnitude visual da Lua durante o ápice do Eclipse foi em torno de -0.8, aproximadamente 1,8 vezes mais brilhante que Alfa Centauri e cerca de 4 vezes maior que Antares, na Constelação de Escorpião. 

Hélio Vital foi o convidado do Programa Olhar Espacial dia 13 e falou sobre suas expectativas para o Eclipse daquele final de semana. Agora, o especialista apresenta os resultados das observações científicas do fenômeno e compara com as expectativas apresentadas no programa.

Eclipse Total da Lua do último dia 16 registrado no Sertão da Paraíba – Foto: Caio Correia

Escala de Danjon

A escala Danjon é uma escala de 5 níveis utilizada pelos astrônomos para medir a coloração e a luminosidade da Lua durante um eclipse total. Ela vai desde o valor 0 para descrever um eclipse muito escuro, com a Lua num tom de cinza quase se confundindo com o fundo celeste, até o valor 4, para eclipses muito brilhantes, com a Lua assumindo uma coloração alaranjada.

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Escala de Danjon para classificação do brilho e da coloração da Lua durante eclipse total – Fonte: Astronomia no Zênite

Os dados reunidos por Hélio Vital para este eclipse do dia 16 de maio, indicam que a Lua atingiu o nível 2 na Escala de Danjon, sendo ligeiramente mais brilhante na metade sul, onde chegou ao nível 2.5 com uma coloração alaranjada, e mais escura ao norte, onde chegou ao nível 1.5. Nessa região da Lua, que chegou a passar pelo centro do cone de sombra da Terra, o brilho do eclipse foi tão fraco que foi difícil perceber algumas feições da superfície. A coloração chegou a um marrom escuro, praticamente sem cor perceptível.

Influência do Vulcão Tonga

Como já havia sido previsto anteriormente, durante este eclipse, a Lua passou pelo centro do cone de sombra da Terra, o que naturalmente já faria dele um eclipse escuro. As estimativas baseadas em outros eclipses semelhantes é que a Lua deveria atingir, por conta desta geometria, a magnitude -1,23. Entretanto, a pluma expelida pelo Vulcão Honga-Tonga Hunga-Ha’apai em janeiro deste ano permanece em suspensão na estratosfera e foi, provavelmente, responsável por escurecer mais um pouco a Lua durante o eclipse.

Erupção do vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha’apai lançou cinzas na estratosfera – Imagem: Tonga Geological Services

O escurecimento adicional do eclipse foi de cerca de 0.4 magnitudes, o que é um pouco menos que o 1.5 previsto anteriormente. Entretanto, Hélio Vital esclarece que essa diferença não representa necessariamente uma falha no modelo de predição do eclipse e sim, nos dados usados para os cálculos. Neste caso a erupção do Tonga, seria mais compatível com um VEI (índice de explosividade vulcânica) = 4, em vez de um VEI = 5, no qual o autor baseou sua estimativa anterior.

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Também é possível, que o Tonga não tenha tido nenhuma influência e que o escurecimento adicional tenha sido provocado pelo excesso de nebulosidade ao longo do limbo da Terra no momento do eclipse. No entanto, o astrônomo ainda defende a tese de que Tonga escureceu ligeiramente o eclipse, considerando a enorme quantidade de material ainda remanescente na estratosfera e que vem produzindo incríveis exibições de cores no crepúsculo em todo o mundo.

Influência no Eclipse de novembro deve ser mínima

Embora os aerossóis vulcânicos podem permanecer na estratosfera por muitos meses, com base no que foi observado durante o eclipse de 16 de maio, Hélio espera que o efeito da erupção de Tonga seja muito pequeno durante o Eclipse Lunar Total de 8 de novembro, que infelizmente não será visível do Brasil. 

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