Conforme noticiado pelo Olhar Digital na semana passada, a sonda InSight está próxima de encerrar seus trabalhos em Marte, e sua aposentadoria pode ocorrer até dezembro. O principal motivo para isso é o acúmulo de poeira em seus painéis de energia solar, que está praticamente em um estágio irreversível.

Esta semana, o Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA mostrou o lander completamente coberto por uma espessa camada de regolitos e poeira marciana, em uma imagem que, segundo a agência, é provavelmente a última selfie da missão.

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De acordo com informações fornecidas pela equipe responsável pelo InSight durante uma entrevista coletiva concedida há cerca de dez dias, o módulo de pouso está operando abaixo de um décimo de sua potência disponível de 5.000 watts-hora por dia marciano (que é chamado sol e equivale a, aproximadamente, 24h39min).

“Quando pousamos, era cerca de 40 minutos a uma hora, o equivalente ao consumo de um forno elétrico convencional”, disse Kathya Zamora Garcia, vice-gerente de projetos da InSight no Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA. “Agora, o InSight não consegue produzir mais de 500 watts-hora, nos permitindo trabalhar apenas por cerca de 10 minutos, no máximo”.

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Imagens de antes e depois mostram o módulo de pouso InSight, da NASA, logo após seu pouso, em 2018 (à esquerda), e em maio deste ano, após a poeira acumulada nas matrizes solares cortar os níveis de energia do lander para apenas um décimo do que estavam no início da missão. Crédito: NASA/JPL-Caltech

Módulo InSight não possui sistema suplementar de limpeza

Há meses, a equipe vem alertando que o InSight provavelmente não resistiria até o meio deste ano. Em janeiro, uma grande tempestade de poeira regional cobriu os painéis solares do módulo de pouso, o que acionou automaticamente o modo de segurança. Isso já havia acontecido repetidas vezes em 2021, gerando um acúmulo de poeira e reduzindo sua fonte de energia.

Devido a preocupações de peso e potência, o lander não carrega um sistema suplementar para limpar a poeira, como motores ou escovas. Então, usando um furo no braço robótico, a equipe responsável pelo InSight reduziu um pouco a poeira em um painel, e ganhou vários impulsos de energia, mas essas atividades se tornam cada vez mais difíceis à medida que a energia disponível diminui.

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Com sua provável selfie final realizada, o lander moverá seu braço para uma “pose de aposentadoria”, uma forma em V invertida, para ter vistas do sismômetro uma vez que ele não é mais ordenado a se mover da Terra. Isso deve acontecer até o fim de junho.

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A partir de então, o sismômetro funcionará pelo menos intermitentemente por mais um período (sendo ligado e desligado de tempos em tempos), mas, segundo a equipe, tanto ele quanto outros instrumentos devem ser desligados até agosto. O “último off” deve ser acionado até dezembro, colocando um fim definitivo a essa missão histórica.

Seu legado, no entanto, permanece. Bruce Banerdt, principal investigador da JPL, informou que a equipe científica continuará ocupada por pelo menos mais seis meses em tarefas imediatas da missão, mesmo após o InSight concluir sua coleta de dados. “Estamos recebendo produtos de dados finais, como nosso catálogo final de terremotos em Marte e nossos modelos finais do planeta”, disse ele.

Segundo Banerdt, a equipe enviará suas últimas parcelas de dados para um arquivo público, onde essas informações permanecerão disponíveis para sempre, adicionando ao catálogo de dados de missões espaciais aposentadas, que podem ser revisitados para investigações futuras.

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