Neste fim de semana, uma nave de carga Cygnus será lançada em direção à Estação Espacial Internacional (ISS) conduzindo um experimento da Nasa projetado para melhorar a segurança contra incêndios nas missões à Lua e a Marte.

Chamado de SoFIE (Solid Fuel Ignition and Extinction – que, em tradução livre quer dizer Ignição e Extinção de Combustível Sólido), o experimento é o mais recente de uma série de investigações em órbita que visam analisar como o fogo se comporta na microgravidade.

Espaçonave Cygnus NG-17, da Northrop Gumman, vai conduzir até a ISS o experimento que visa a segurança contra incêndios no espaço. Imagem: NASA

SoFIE está entre a carga de ciência, suprimentos e hardware que vai voar na missão de reabastecimento Cygnus NG-17, da Northrop Grumman, programada para ser lançada às 12h39 EST (14h39, pelo horário de Brasília) neste sábado (19).

“O que esperamos fazer é informar futuras missões sobre inflamabilidade material, pois eles trabalham projetos de protótipos para futuros trajes espaciais, cabines e habitats, e é importante prever como esses materiais queimariam em ambientes lunares, marcianos ou outros”, disse Paul Ferkul, cientista de projetos da SoFIE no Glenn Research Center da Nasa, em entrevista ao site Space.com. “Os experimentos também ajudarão a Nasa a identificar as melhores maneiras de apagar incêndios ou materiais queimados no espaço”, acrescentou.

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Lançamento será transmitido ao vivo

O lançamento da Cygnus será a partir do Espaçoporto Regional do Meio-Atlântico, no Wallops Flight Facility da Nasa, na Ilha Wallops, Virgínia. Será possível acompanhar pela NASATV, no aplicativo e nas mídias sociais da agência.

Quando SoFIE chegar à ISS, o experimento será instalado no Rack de Investigação de Combustão, localizado no Módulo de Laboratório dos EUA (Destiny) para pesquisa segura de combustão.

“A estação espacial fornece um ambiente único de microgravidade que permite aos cientistas estudar a verdadeira natureza das chamas isoladas e sem extremidades pela gravidade”, disse Ferkul.

Segundo Ferkul, os testes envolverão amostras que têm entre 10 e 30 centímetros de comprimento de plexiglass (acrílico), tecidos à base de algodão e outros materiais comumente usados em voos espaciais. Está programado para durar até novembro de 2025.

Ferkul disse que a história científica desse experimento se baseia em trabalhos anteriormente realizados por dois outros ensaios da Nasa: o Experimento de Extinção de Chamas (FLEX) e o Combustão Avançada via Experiências de Microgravidade (ACME).

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Agora concluída, a experiência FLEX focou “na eficácia dos supressores de gás inerte na microgravidade e obtenção da estimativa mais conservadora do índice de oxigênio limitante para combustão constante”, diz a página do experimento.

Já a ACME tem um foco secundário na segurança contra incêndio no espaço, juntamente com um objetivo primordial para melhorar a eficiência da tecnologia de combustão e reduzir suas emissões de poluição, conforme diz com sua página na web

Cygnus são naves de carga conhecidas por terem hospedado uma série de experimentos de segurança contra incêndio durante o processo de desorbitamento, chamados Spacecraft Fire Safety (Saffire). Neles, os controladores deliberadamente provocam um fogo dentro da espaçonave, que já está a caminho de uma destruição planejada na atmosfera da Terra, para investigar o crescimento das chamas em larga escala e a inflamabilidade do material. Além do foco na segurança contra incêndios, no entanto, Saffire e SoFIE têm pouco em comum, segundo Ferkul.

Captura de tela mostra o experimento Saffire-V em chamas. Imagem: NASA

“Os experimentos de Saffire usavam amostras grandes – até quase um metro de comprimento – que eram possíveis porque não havia tripulação presente”, disse Ferkul. “Ao contrário do SoFIE, os cinco testes de Saffire foram realizados de forma autônoma, queimando amostras de combustível em uma série pré-determinada de etapas”, continuou.

Segundo o cientista, “devido às limitações de comunicação, o vídeo gravado da experiência só pôde ser baixado após a conclusão dos testes, o que tornou impossíveis quaisquer alterações ou ajustes em tempo real — como a velocidade de fluxo”.

Cygnus trará quase 1 tonelada de ciência para a Nasa e outros clientes

No retorno, a espaçonave Cygnus NG-17 trará hardware para cerca de 40 investigações para a Nasa, os Laboratórios Nacionais dos EUA e os parceiros internacionais. A informação foi dada por Jennifer Buchli, cientista-chefe adjunta do programa da ISS no Centro Espacial Johnson, em Houston, durante uma coletiva de imprensa.

“A espaçonave transportará cerca de 900 kg de demonstrações de tecnologia científica e utilização para o espaço, com um tempo de pesquisa esperado para a tripulação”, acrescentou Buckley. O programa da ISS busca priorizar o tempo da tripulação para a ciência, embora os astronautas também passem tempo em assuntos como manutenção de estações espaciais, bem como exercícios e higiene pessoal.

“A nave NG-17 inicia uma primavera muito movimentada e emocionante”, disse Buckley. “Em apenas quatro meses, teremos duas missões de reabastecimento de carga conduzindo experimentos e instalações que continuarão a contribuição do laboratório em órbita para melhorar a vida na Terra e nos empurrar mais para o espaço profundo”.

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