A física conseguiu um feito incrível para a computação quântica. Pela primeira vez dois cristais do tempo foram conectados em um mesmo sistema de loop infinito, onde as leis da termodinâmica não se aplicam. Estudos sobre o tema são bastante recentes, já que esse estado da matéria foi descoberto apenas em 2016 e desde então suas aplicações ainda estão sendo pesquisadas.  

Primeiro, é importante entender o que seriam esses “cristais do tempo”. Na física, os cristais são definidos como uma série de átomos dispostos de forma sequencial e repetitiva, formando padrões iguais. A diferença para outras substâncias está justamente em sua organização. Na natureza, há cristais de neve, sal e outros. A água, por exemplo, é simétrica em estado líquido, mas quando é congelada essa simetria é rompida e o líquido se transforma em cristal.

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O “cristal do tempo” teria o padrão se repetindo depois de um certo período de tempo e não de uma distância física. Essas partículas poderiam, ao invés de funcionar com uma barreira de espaço, agir usando o tempo.

As aplicações para isso ainda não podem ser totalmente medidas. O uso mais óbvio seria para criar padrões de tempo e relógios muito mais precisos do que os atuais relógios atômicos. A computação também poderia ser completamente revolucionada com o uso desse estado da matéria.

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Cristais do tempo conectados

“Um cristal do tempo continua se movendo e se repete periodicamente no tempo na ausência de estímulo externo”, explicou Samuli Autti, cientista-chefe do projeto da Universidade de Lancaster, no Reino Unido, para a Live Science. 

O que quebra as regras da mecânica quântica é justamente o movimento infinito. Como está em seu estágio mais baixo de energia, o cristal do tempo não pode ficar completamente parado, assim ele fica preso em um ciclo e cria um movimento interminável.  “Isso significa que são máquinas de movimento perpétuo e, portanto, impossíveis”, completa Autti.

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“Na física quântica, uma máquina de movimento perpétuo está bem desde que mantenhamos nossos olhos fechados, e ela só deve começar a desacelerar se observarmos o movimento”, completou. No caso, o chefe do estudo diz que o movimento perpétuo é quebrado em caso de interferência do ambiente ou caso o ciclo seja, simplesmente, observado.

Como funcionou a pesquisa

Os cientistas usaram um grupo de cristais do tempo que são formados por quasipartículas chamadas de magnons. Magons aparecem quando o hélio-3 é resfriado a um décimo de milésimo de grau do zero absoluto.

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Assim, os cristais formam condensados ​​de Bose-Einstein fazendo com que o movimento deles caia até ficar em um estado de extrema lentidão. Ao se tocarem, os cristais do tempo podem trocar magnons, criando sistema único e de movimento perpétuo.

O estudo ainda está longe de formar um computador quântico funcional, mas se for possível manipular o sistema de dois cristais do tempo sem destruir o movimento, os pesquisadores poderiam construir sistemas maiores, como um dispositivo computacional.  

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