Arnaud Deboeuf, diretor de fabricação da Stellantis, revelou algumas de suas impressões sobre a decisão da União Europeia de eliminar gradualmente os veículos a combustão em favor dos veículos elétricos (EVs). De acordo com o executivo, é possível que ocorra um colapso no setor automotivo, diante de tamanho desafio.
Suas considerações se baseiam nos altos preços dos EVs (algo considerado a principal preocupação dos consumidores com relação à adoção em massa da eletrificação nos veículos, conforme relatório recente da especializada americana em análise de mercado Autolist). Para Deboeuf, se os valores dos automóveis para o consumidor não baixarem, a indústria automotiva está condenada.
Leia também:
- Não é só aqui: CEO da Stellantis diz que preço de carros novos está fora de controle
- “Por que não etanol?”: executivos da Stellantis falam sobre o futuro do carro no Brasil
- Stellantis demonstra a capacidade de carregamento sem fio para veículos elétricos em sua “Arena del Futuro”
Em sintonia com o CEO da Stellantis
As colocações do executivo de manufatura da Stellantis seguem em sintonia com o que Carlos Tavares declarou em outras ocasiões. Em fevereiro, por exemplo, O CEO da empresa disse que “o gorila na sala é o custo da eletrificação”, ao apontar que os carros elétricos são de 40% a 50% mais caros de construir que os modelos tradicionais com motor de combustão interna.
Isso foi cerca de dois meses depois do CEO dizer que os custos dos elétricos podem tornar a indústria automotiva insustentável. Fatores como pressão dos investidores e políticas governamentais voltadas para a diminuição das emissões de gases de efeito estufa foram colocados como ingredientes de uma aceleração na eletrificação – por sua vez, considerada contraproducente para Tavares, levando inclusive a problemas de qualidade.
Reduzindo custos
Conforme traz a Bloomberg, Arnaud Deboeuf diz que a Stellantis tem como objetivo reduzir o custo de fabricação de veículos elétricos em 40% até 2030. A empresa nascida da fusão entre Fiat e Peugeot também planeja fabricar algumas peças internamente, ao mesmo tempo em que deve pressionar seus fornecedores a reduzirem o preço de seus produtos.
Diante do atual cenário, a Stellantis também está desenvolvendo cinco grandes fábricas de baterias na América do Norte e na Europa, para produzir 400 gigawatts-hora de células até 2030. Carlos Tavares ainda acrescenta que a empresa não descarta a compra de uma mina para garantir o fornecimento de matéria-prima.
Esta semana, os países da União Europeia endossaram um esforço para eliminar as emissões de carbono de carros novos até 2035. Enquanto isso, a Stellantis planeja lançar mais de 75 modelos totalmente elétricos nesta década e transformar pelo menos algumas de suas fábricas de automóveis francesas para fabricar EVs.
Já assistiu aos novos vídeos no YouTube do Olhar Digital? Inscreva-se no canal!
Imagem: Antonello Marangi/Shutterstock.com