James Webb é o maior telescópio espacial já lançado e tem como principal objetivo observar galáxias que estão a milhões de anos-luz de distância da Terra. Para isso, este enorme equipamento conta com uma série de instrumentos que permitem as mais diversas formas de observação e análise. No entanto, quando pensamos em galáxias distantes, nosso imaginário logo imagina vida em outro planeta. Mas será que o telescópio pode encontrar?

O astrônomo brasileiro Christopher Willmer, que participa do projeto, é categórico em dizer que não ao ser perguntado dessa possibilidade. “O que você pode encontrar é um ecossistema que permita ter vida fora da Terra. Mas detectar vida fora da Terra ele não vai poder fazer”, disse em entrevista exclusiva para o Olhar Digital

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James Webb e vida fora da Terra

“O que você pode fazer e isso é parte do estudo de exoplanetas é caracterizar as propriedades das atmosferas planetárias. Inclusive uma das imagens que saiu, que para o público não é necessariamente interessante, é a espectrometria de um exoplaneta”, completou. No entanto, a possibilidade de localizar vida extraterrestre é vista com bastante ceticismo por Willmer.

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O astrônomo espera que o James Webb consiga encontrar um planeta com características próximas da Terra e que potencialmente possa abrigar vida, “mas evidências sem ambiguidade de vida eu pessoalmente acho muito difícil”, afirmou. “Detectar um sinal eu acho que vai ser muito difícil”, afirma. Willmer termina ainda explicando que pode estar enganado, já que parte do potencial do telescópio ainda é desconhecido,mas não acredita na possibilidade do equipamento localizar vida extraterrestre. 

Christopher Willmer, astrônomo brasileiro que atuou no desenvolvimento do James Webb (Imagem: Reprodução/OlharDigital)

O trabalho de Willmer no telescópio

Willmer é formado em astronomia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e trabalha no James Webb desenvolvendo a Near Infrared Camera (NIRCam) dispositivo infravermelho do maior telescópio espacial já produzido. O astrônomo conta que atuou por mais de uma década no desenvolvimento do recurso e hoje segue trabalhando na seleção de dados com o telescópio já na ativa.

Um dos fatores mais impressionantes do James Webb é justamente o seu potencial ainda não totalmente descoberto. Esse é o ponto crucial da missão. Willmer explica que, apesar de ter objetivos definidos, a parte mais interessante pode estar justamente naquilo que não temos muita ideia do que será mostrado pelo telescópio em seu tempo de operação. “Todos esses telescópios acabam revolucionando o conhecimento da gente porque quando você constrói você tem uma visão do que pode ser feito e na medida em que vai observando você vai adquirir novos conhecimentos”, declara.

O James Webb não é o primeiro telescópio espacial que Willmer trabalha. O astrônomo conta que foi chamado pela Universidade do Arizona especialmente para utilizar os instrumentos IRAC e MIPS do Telescópio espacial Spitzer para estudar propriedades de galáxias no infravermelho médio. Willmer foi engajado na equipe da câmera NIRCam, liderado pela Professora Marcia Rieke, com a chegada dos primeiros detectores da câmara ainda em 2007, muitos anos ainda antes do lançamento.

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