Conforme divulgado há alguns meses pelo Olhar Digital, o objeto mais brilhante do céu noturno depois da Lua vai receber bastante atenção a partir de 2030, quando começa aquela que já está sendo chamada de “Década de Vênus”. Pelo menos três missões espaciais tendo o planeta como alvo já foram anunciadas: VERITAS, EnVision e DAVINCI.
Projetada e gerenciada pela Agência Espacial Europeia (ESA), em parceria com a NASA, a EnVision será responsável por complementar as observações da primeira missão, bem como elaborar um mapeamento óptico, espectral e de radar do nosso vizinho, que servirá de apoio para os estudos da última.
Recentemente, a ESA emitiu um comunicado que detalha a missão EnVision, especialmente no que se refere às dificuldades que a espaçonave vai encontrar. No topo da lista de desafios está a “atmosfera quente e espessa” de Vênus, que é composta de dióxido de carbono e vapores de ácido sulfúrico, o que o torna o planeta mais quente do nosso Sistema Solar.
Isso significa que a agência precisará de um plano detalhado para “surfar” com segurança na atmosfera venusiana — sem ter sua espaçonave derretida como um marshmallow que se aproximou demais do fogo.
No momento, a missão está na fase de desenvolvimento de um método de “aerobraking“, que envolve a desaceleração significativa da espaçonave para que ela possa baixar sua órbita para um pouco acima da borda interna da agitada atmosfera do planeta.
Uma vez ali posicionada, ela tentará coletar o máximo de informações possível sobre seu alvo. Se tudo correr de acordo com o plano, a EnVision repetirá esse processo ao longo de milhares de órbitas.
De acordo com o gerente de estudo da missão, Thomas Voirin, a espaçonave poderá chegar a quase 150 km acima da superfície de Vênus para obter as melhores imagens — um processo que exigirá que a sonda orbital resista à atmosfera hostil do planeta.
Segundo a ESA, sua equipe de engenheiros está testando uma ampla variedade de materiais e revestimentos para proteger os delicados instrumentos científicos da espaçonave.
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Venus Express, sonda antecessora da EnVision, realizou um aerobraking experimental durante os últimos meses de sua missão em 2014, revelando dados valiosos sobre a técnica.
A manobra foi usada operacionalmente pela primeira vez em 2017, pela nave ExoMars Trace Gas Orbiter (TGO), da ESA, para baixar sua órbita ao redor de Marte durante um período de 11 meses.
“A aerobraking em torno de Vênus será muito mais desafiadora do que foi para a TGO. Para começar, a gravidade desse planeta é em torno de 10 vezes maior que a de Marte”, explicou Voirin. “Isso significa que velocidades cerca de duas vezes mais altas que as de TGO serão experimentadas pela espaçonave ao passar pela atmosfera”.
Segundo Voirin, além disso, “também estaremos muito mais próximos do Sol, experimentando em torno do dobro da intensidade solar da Terra, com as espessas nuvens brancas da atmosfera refletindo muita luz solar de volta ao espaço, o que precisa ser levado em conta”.
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