Planeta extraterrestre com órbita inclinada causa estranheza em cientistas 

Por Isabela Valukas Gusmão, editado por Lucas Soares 08/09/2022 11h51, atualizada em 10/03/2023 12h10
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Imagem: A superfície de um gigante gasoso, com duas estrelas ao fundo. Créditos: Sophia Dagnello, NRAO/AUI/NSF
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Os astrônomos descobriram que o exoplaneta, GJ 896Ab, localizado no sistema binário GJ 896AB, a cerca de 20,3 anos-luz de distância da Terra, realiza sua órbita em ângulo diferente das outras duas estrelas presentes no sistema.

As pesquisas a esse respeito são de longa data. A maior parte dos dados consultados pelos cientistas são de 1941 a 2017, e desde 2006 o Very Long Baseline Array (VLBA), uma rede que conta com 10 radiotelescópios, nos Estados Unidos, alimenta essa base de informações. Após essa descoberta, os cientistas esperam obter pistas de como esses sistemas binários se formam.

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A equipe do astrônomo Salvador Curiel, da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), notou que, conforme a estrela GJ896A se movimenta pelo Espaço, ela oscila durante o percurso. Acredita-se que isso acontece porque há um centro comum de massa, conhecido como barycenter, entre o planeta e sua estrela.

Menos de 4% dos exoplanetas conhecidos estão em sistemas binários. Segundo os astrônomos, esse pequeno número, advém da dificuldade em detectar esse tipo de planeta nessa configuração, e também porque os modelos utilizados hoje pressupõem que exista uma estrela companheira no sistema capaz de romper e desestabilizar um disco formador de planetas. Para Joel Sanchez-Bermudez, da UNAM, provavelmente esse é um sinal de que “talvez esses modelos precisem ser ajustados”.

Imagem: O exoplaneta realiza sua órbita em um ângulo de 148 graus em relação ao plano orbital das duas estrelas. Créditos: Sophia Dagnello, NRAO/AUI/NSF

Há algumas particularidades no sistema binário GJ 896AB. As duas estrelas encontradas nele são anãs vermelhas, o que torna a existência de um planeta gigante gasoso surpreendente, isso porque os cientistas não acreditam que as anãs vermelhas detenham a quantidade necessária de matéria-prima para formar planetas gigantes. Entretanto, a presença de um gigante gasoso neste sistema binário sugere que a formação de planetas ocorre de uma maneira diferente quando há duas estrelas presentes.

Outra particularidade na formação desse sistema é que os gigantes gasosos levam de 5 a 10 milhões de anos para acertar todo o gás do disco formador de planetas ao seu redor. Os modelos vigentes sugerem que esse disco em um sistema binário sobrevive por menos de 1 milhão de anos, após esse período as marés gravitacionais da estrela companheira rompem o disco.

Modelos de análise de sistemas binários de estrelas

Atualmente, existem dois modelos concorrentes para como os sistemas binários e seus planetas se formam. O modelo de fragmentação de disco, indica que há originalmente um disco formador de estrelas e planetas que se torna gravitacionalmente instável e se divide em dois discos separados, que formam duas estrelas e quaisquer planetas ao seu redor.

O outro modelo é conhecido como fragmentação turbulenta. Nesta caso, a turbulência da nuvem original de gás entra em colapso para formar as estrelas e quaisquer planetas que o acompanham. Agora, esses modelos devem se adaptar ao caso da GJ 896Ab para descobrir o como esse sistema binário se formou e como sistemas como ele se formam.

Via: Space.com

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Isabela Gusmão é estagiária e escreve para a editoria de Ciência e Espaço. Além disso, ela é nutricionista e cursa Jornalismo, desde 2020, na Universidade Metodista de São Paulo (UMESP).

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.