Durante eras, os insetos – especialmente as baratas – sempre foram dor de cabeça e pesadelo na vida de muitos seres humanos. Na maioria das vezes, é difícil pegar o bichinho e evitar “transtornos”. Era difícil.

Isso porque o pesquisador da Universidade Heriot-Watt, de Edimburgo, Escócia, Ildar Rakhmatulin, ao lado de seus associados, desenvolveu dispositivo a laser autômato com IA (inteligência artificial) capaz de eliminar insetos.

Leia mais:

A pesquisa, realizada durante o ano passado e publicada na Oriental Insects, foi realizada com baratas comuns (aquelas que se encontram em qualquer casa). O equipamento não só foi capaz de detectar as baratas com alta precisão, como também conseguiu neutralizá-las individualmente a uma distância de 1,2 m.

publicidade

Este experimento se originou de pesquisas anteriores, nas quais Rakhmatulin utilizou um Raspberry Pi e lasers para neutralizar mosquitos. Porém, para o teste com as baratas, a equipe de pesquisa optou por utilizar um computador que permitisse mais precisão na detecção do inseto.

“Comecei usando um Jetson Nano, que me permitiu utilizar tecnologias de deep learning com maior precisão ao detectar um objeto”, explicou o pesquisador.

Parecido com o Raspberry Pi, o Jetson Nano é um pequeno computador capaz de rodar algoritmos de machine learning. Ele processa um sinal digital de duas câmeras para determinar a posição da barata.

Então, ele transmite essa informação para galvanômetro (medidor de corrente elétrica) que muda a direção do laser, de modo a acertar o objeto-alvo.

Segundo o artigo publicado, Rakhmatulin tentou esta configuração em diferentes níveis de potência do laser. Em um nível menor, ele descobriu que podia influenciar o comportamento das baratas simplesmente acionando sua resposta de voo com o laser.

Desta forma, elas poderiam, potencialmente, ser treinadas para não se abrigarem em determinada área escura. Em nível maior de potência, as baratas foram efetivamente “neutralizadas” – em bom português, mortas.

Estrutura do laser que mata baratas (Imagem: Divulgação/Rakhmatulin et. Oriental Insects)

Outro detalhe interessante do artigo é que Rakhmatulin disponibilizou, gratuitamente, todos os dados da pesquisa e instruções de montagem do laser, possibilitando que outros tentem reproduzir o experimento, desde que tomadas as devidas precauções.

“Usei tecnologia e hardware baratos que têm código aberto”, disse Rakhmatulin, que compartilhou em seu GitHub o software e outros detalhes de uso.

O pesquisador incentivou ainda o uso da ferramenta em outras áreas, o que pode vir a ser benéfico. “Se podemos matar baratas, então também podemos matar outras pestes que agem na agricultura.”

Além da natureza de código aberto do projeto, as possíveis aplicações generalizadas da tecnologia também o tornam digno de nota. Pode ser alternativa plausível para armadilhas mecânicas, bem como produtos químicos que muitas vezes danificam o meio ambiente e visam espécies de insetos não-pragas.

Sem mencionar que é mais barato (o artigo observa que todos os dispositivos não custam mais de US$ 250, ou R$ 1.344,17 em conversão direta) e mais compacto do que outras tecnologias atuais de controle de pragas.

Embora o protótipo seja adequado para pesquisas acadêmicas, há muito mais a ser feito antes que possa ser implantado em maior escala.

Por exemplo, o artigo observa que um ponto de laser menor seria mais eficaz para matar as baratas, mas é difícil de implementar experimentalmente.

A capacidade de controlar com precisão quais partes do corpo da barata foram atingidas também seria útil, diz o artigo.

Infelizmente, também não está pronto para uso doméstico, pelo menos ainda não. “Não é recomendado porque é um pouco perigoso”, disse Rakhmatulin. “Os lasers podem danificar não apenas as baratas, mas seus olhos.”

Com informações de Vice

Imagem destacada: guentermanaus/Shutterstock

Já assistiu aos novos vídeos no YouTube do Olhar Digital? Inscreva-se no canal!