Após “tsunami do deserto”, centenas de peixes são vistos em “Buraco do Diabo”, nos EUA

Por Isabela Valukas Gusmão, editado por Lucas Soares 30/09/2022 18h30
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Imagem: Após terremoto no México, Devil's Hole, em Nevada, teve suas águas impactadas. Créditos: Captura de tela do vídeo NPS por A. Chaudoin
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Após o terremoto que atingiu o México ter reflexos em Nevada, nos Estados Unidos, centenas de peixes raros foram descobertos vivendo no Devil’s Hole (Buraco do Diabo). Esse aquífero, localizado no Parque Nacional do Vale da Morte, experimentou um evento chamado de “tsunami do deserto”, como consequência do tremor de terra mexicano.

Segundo o Serviço Nacional de Parques (NPS), os biólogos contaram 263 filhotes em Devil’s Hole, a maior contagem desta espécie em 19 anos. Esses peixes, conhecidos como “pupfish”, são uma espécie que só ocorre naturalmente naquele local, que é um ponto de descarga para um vasto sistema subterrâneo de água de aquíferos.

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Os pesquisadores do NPS acreditam que a descoberta de 263 peixes, logo após o terremoto, no México, que gerou ondas de 1,80 m no Devil’s Hole, ocorreu devido ao aumento de algas e matéria orgânica na água. Esse cenário facilitou o encontro dos biólogos com os filhotes na superfície.

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Imagem: Fotografia de um pupfish, encontrado em Devil’s Hole, nos Estados Unidos. Créditos: NPS

“Nunca vi a população tão robusta antes”, disse Brandon Senger, biólogo do Departamento de Vida Selvagem de Nevada, em comunicado à imprensa. Senger é o responsável por conduzir contagens de mergulho em Devils Hole desde 2014. O biólogo do NPS complementa ao destacar que “peixes de todas as classes de tamanho eram abundantes. Contamos mais peixes em um nível do que no total em contagens anteriores.” Esse aumento pode sinalizar mudanças importantes no ecossistema.

Declínio de pupfish na Devil’s Hole

Durante as análises feitas todos os anos pelos órgãos ambientais responsáveis, estima-se que a população de filhotes de pupfish varia entre 100 e 200 no inverno e 300 a 500 no verão, dependendo da quantidade de algas presentes. Entretanto, em meados de 1990, a população dessa espécie de peixe começou a cair.

Ainda não se sabe o que causou o declínio. Antes da queda acentuada de peixes, o Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA, como forma de proteção e preservação, designou cerca de 21.000 acres da região como habitat essencial como parte de um plano de recuperação na década de 1980.

Os especialistas do NPS acreditam que esse aquífero foi formado durante um período úmido. E, a partir disso, os filhotes em Devil’s Hole ficaram isolados entre 10.000 e 20.000 anos, com a vinda da seca. Essa espécie pode apresentar a menor variedade de vertebrados da Terra.

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Isabela Gusmão é estagiária e escreve para a editoria de Ciência e Espaço. Além disso, ela é nutricionista e cursa Jornalismo, desde 2020, na Universidade Metodista de São Paulo (UMESP).

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.