Nesta terça-feira (4), o Instituto Nobel deu o Prêmio Nobel de Física deste ano aos pesquisadores Alain Aspect (França), John Clauser (EUA) e Anton Zeilinger (Áustria) por sua pesquisa com mecânica quântica. Os pesquisadores dividirão entre si o prêmio de dez milhões de coroas suecas (R$ 4,7 milhões).

O trio se focou em uma das ramificações da física quântica: o entrelaçamento quântico. O também chamado de estados quânticos entrelaçados se dá quando duas partículas subatômicas se comportam como uma só, mesmo quando separadas.

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O trabalho destes pesquisadores pode ser inovador nas próximas décadas, pois pode abrir caminho para nova geração de computadores e sistemas de telecomunicações poderosos que serão impossíveis de serem invadidos.

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Do que se trata o entrelaçamento quântico?

Como dito anteriormente, o entrelaçamento quântico se dá quando duas ou mais partículas de tamanho quântico (comumente os fótons, que são partículas de luz) mantém forte ligação entre si quando distantes umas das outras e sem qualquer conexão física. O estado compartilhado das partículas pode ser sua energia ou giro.

A base teórica é antiga, data de 1960 e foi esquematizada pelo físico norte-irlandês John Stewart Bell. Contudo, o trio ganhador do Nobel foi o responsável por conduzir as experiências necessárias para comprovar a teoria e de que ela tem usos práticos.

“Sempre me interessei pela mecânica quântica desde os primeiros momentos em que li sobre ela. E realmente fiquei impressionado com algumas das previsões teóricas, porque elas não se encaixavam nas intuições usuais que se poderia ter”, disse Zeilinger à BBC News.

Em quais aplicações o entrelaçamento quântico pode ser utilizado?

Já não é de hoje que usos práticos para o entrelaçamento quântico vêm surgindo. Talvez o mais sonante – conhecido – sejam os computadores quânticos, poderosos equipamentos que podem ocupar salas e mais salas, andares e mais andares (como os computadores à válvula da primeira metade do século XX), com potente resfriamento e que são capazes de resolver problemas muito complexos.

Seu outro uso está relativamente atrelado, pois trata-se da criptografia, qual, com a exploração aguda do entrelaçamento quântico, pode efetivamente tornar-se 100% inviolável, já que um espião, por exemplo, não conseguiria quebrar a segurança de comunicações privadas.

“Isso é útil para militares e bancos etc., em comunicações seguras”, disse John Clauser. “A maior aplicação que eu saiba foi feita pelos chineses, que lançaram satélite há vários anos que eles usam para comunicações seguras ao longo de milhares de quilômetros.”

A “abertura” deste “oceano” de possibilidades por parte dos três físicos permite à comunidade científica que continue aprimorando os usos atuais do entrelaçamento quântico, bem como possa se preparar e ficar na expectativa pelo surgimento de muitas outras aplicações.

Com informações de BBC e UOL

Imagem destacada: Jurik Peter/Shutterstock

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