A novela entre Elon Musk e Twitter é bem antiga e disso todo mundo já sabe. O bilionário utiliza a rede social para compartilhar seus pensamentos. Neste ano, a relação entre os dois se estreitou e, na última quinta-feira (27), o magnata afirmou ter finalizado a compra da plataforma. Mas o que essa aquisição pode mudar no futuro do “passarinho azul”? 

Em termos empresariais, o Twitter e seus funcionários já começaram a sentir um efeito prático. Após assumir oficialmente a rede social, Elon Musk começou a executar seu plano de reconstrução da empresa e de demissões.

publicidade

Segundo fontes próximas, o CEO Parag Agrawal, o diretor financeiro Ned Segal e a chefe de política legal, confiança e segurança Vijaya Gadde foram os primeiros executivos a serem demitidos por Musk. O conselheiro geral da empresa, Sean Edgett, foi afastado.

Leia também!

publicidade

Pelo próprio Twitter, o bilionário publicou uma carta aberta aos acionistas da empresa para explicar o motivo de ter fechado o negócio. “A razão pela qual adquiri o Twitter é porque é importante para o futuro da civilização ter uma área digital comum, onde uma ampla gama de crenças possa ser debatida de maneira saudável, sem recorrer à violência”, afirmou Musk em um trecho da carta.

Para ler a carta na íntegra, acesse a reportagem do Olhar Digital.

publicidade

Contudo, qual a verdadeira intenção de Elon Musk em comprar o Twitter? A pergunta não pode ser respondida com facilidade, afinal, o empresário é famoso por fazer muitas promessas que não se cumprem, sem contar os mistérios frequentes em sua carreira.

Em entrevista ao Olhar Digital, Arthur Igreja, especialista em tecnologia e inovação, ressaltou que essa é uma nova aposta de Elon Musk e ele parece querer “ampliar a sua capacidade de influência em termos de comunicação”. 

publicidade
Elon Musk
Imagem: Daniel Oberhaus/Flickr

Elon Musk vai mudar o Twitter completamente? 

As especulações apontam que o empresário pretende criar seu próprio super aplicativo, assim como o WeChat na China. Até então, o novo projeto está sendo divulgado como X, um domínio que está na história de Musk há muito tempo.

O especialista em tecnologia Edney Souza, conhecido como Interney, afirmou em entrevista ao Olhar Digital que Elon Musk pode ter visto no Twitter uma oportunidade de se tornar dono de um super app ocidental. Ele pode, inclusive, ter sua própria plataforma alinhada com sua visão de mundo, em que a liberdade de expressão é primordial.

Não podemos apontar o que Elon Musk está preparando para o Twitter de fato, tendo em vista que o empresário não confirmou nada. Contudo, uma das pautas mais levantadas sobre a mudança é o aumento da liberdade de expressão na rede social.

Após fazer a primeira proposta de compra da plataforma, o bilionário chegou a apontar que permitiria a volta de Donald Trump à rede social. Porém, especulações apontam que o Twitter está revendo suas políticas de punição, mas não deve readmitir usuários já banidos, como o ex-presidente dos Estados Unidos. 

Arthur Igreja acredita que sob o controle de Elon Musk, o Twitter deverá ficar mais suscetível a discursos de ódio e até mesmo fake news. “É a vertente mais provável, o empresário rotineiramente aponta que estabelecer limites cabe à legislação, ao mundo das leis, não da tecnologia”. 

twitter blue
Imagem: Shutterstock

Já Interney lembra que apesar de ser a favor da liberdade de expressão irrestrita, Elon Musk já ressaltou que todos usuários do Twitter deverão se identificar, comprovando suas identidades. Tal medida deve acabar com as contas fakes e, consequentemente, diminuir a disseminação de discurso de ódio ou notícias falsas. 

Interney também apontou que o bilionário já revelou que publicará o algoritmo do Twitter, deixando-o público. “Isso permite que as pessoas questionem o algoritmo e, dependendo da discussão sobre o algoritmo, ele pode ser mudado”. 

Elon Musk está preso às legislações de cada país em que o Twitter opera, fazer concessões é permitido de acordo com a lei de cada nação e, caso o empresário opte pela liberdade de expressão irrestrita, o Twitter responderá a mais processos jurídicos. Segundo Interney, isso não é interessante para o bilionário. 

Quando as mudanças no Twitter vão começar? 

Igreja apontou que é difícil imaginar como ficaria o novo Twitter, pois ainda não temos nenhum escopo do projeto e, se Musk quiser chegar ao nível do WeChat, por exemplo, podemos estimar em média cinco anos.

Interney afirmou que o super app chinês funciona com base em acordos com outras empresas e o fato de Elon Musk adquirir o Twitter pode facilitar essas parcerias. “O Twitter é uma rede grande, é bem relacionada. A maior parte das grandes empresas são norte-americanas, o que pode facilitar esses acordos começando nos Estados Unidos”. 

Para Interney, no entanto, é muito difícil prever quando isso começará. “Ao analisar o histórico do Musk com outras empresas dele, como SpaceX e Tesla, é possível ver que ele é muito inconstante”. 

O especialista afirmou que o empresário promete carros completamente autônomos há quase uma década e refaz essa promessa frequentemente. Outro exemplo é a SpaceX, que até recentemente “nem existia e agora já vai para Marte”. 

“Ele [Elon Musk] faz promessas muito agressivas e não cumpre. Ele faz muitas promessas para o Twitter, mas não podemos dizer que elas realmente vão acontecer. Devemos ver poucas mudanças neste começo e, em um longo prazo, grandes mudanças”, disse Interney. 

Comprar o Twitter foi uma boa escolha? 

Edney Souza aponta que o negócio pode ter sido mais benéfico para o Twitter do que para Elon Musk, já que o empresário sofre impacto em suas outras empresas. O mercado pode enxergar que ele está deixando seus outros negócios de lado “para focar na rede social”. 

Outro ponto é que ainda não sabemos se o Twitter realmente poderá se transformar no WeChat ocidental. Diversos órgãos antitruste podem impedir a junção de diversas ferramentas em um só domínio. 

Imagem-conceito de Elon Musk com o Twitter
Imagem: Sergey Elagin/Shutterstock

O Twitter possui uma grande dificuldade em ser lucrativo. “Apesar de ser muito grande nos Estados Unidos, a rede social não consegue replicar essa força em todo o mundo”, disse Interney. 

Segundo o especialista, o Twitter ainda não tem um modelo de negócio atraente para criadores de conteúdo, diferente do YouTube, por exemplo, que tem um programa de divisão de lucros com seus influenciadores. “Ele [Twitter] não tem um modelo de negócios lucrativo, tem apenas um modelo de anúncios que é insuficiente para se sustentar e o Elon Musk pode chegar trazendo um novo gás e dando uma relevância maior para a plataforma”. 

Arthur Igreja aponta que apenas o tempo poderá dizer se o acordo realmente foi benéfico, mas é evidente o ganho de Elon Musk ao ter uma rede social para completar seu conglomerado. Ele destaca ainda que o Twitter “ganha um novo fôlego”, já que está muito parado há algum tempo. Ou seja, “não cresce, mas também não cai”.

Já assistiu aos novos vídeos no YouTube do Olhar Digital? Inscreva-se no canal!