Nesta semana, a Guia Anônima do Google Chrome se tornou alvo de dúvidas após funcionários da empresa questionarem se a função realmente garante privacidade aos usuários. E isso despertou uma grande indagação: podemos mesmo confiar nas abas anônimas dos navegadores?

No caso do Google, a chefe de marketing da empresa, Lorraine Twohill, escreveu um e-mail para o CEO Sundar Pichai pedindo que a empresa fizesse uma Guia Anônima “realmente privativa”. Ela afirmou ainda que é obrigada a usar uma linguagem “confusa” sobre o recurso e que isso pode afetar a confiança dos usuários da empresa.

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A gigante da tecnologia está enfrentando um processo bilionário por rastrear a navegação durante o modo privado e não explicar isso de forma clara para os usuários. No entanto, o Google nega que faça tal ação. 

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As informações vieram a público justamente por causa desse processo. Segundo os documentos, funcionários do Google dizem que a empresa dá a entender para seus usuários que a navegação pelo formato não é rastreável, quando na verdade esse tipo de aba não é tão segura assim. Uma pesquisa interna indicou que 56,3% dos usuários acreditam que o modo seria capaz de manter suas informações privadas.

As abas anônimas são seguras? 

Em entrevista ao Olhar Digital, o diretor de engenharia de sistemas da Forcepoint LATAM, Luiz Faro, explicou que as abas anônimas têm como princípio de funcionamento impedir que os sites identifiquem quem é o usuário. 

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De acordo com Faro, essas guias têm como função esconder todas as informações dos usuários, mesmo que ele esteja logado em sua conta Google, por exemplo. “Isso é escondido para você sempre aparecer para o site como um visitante absolutamente novo”, disse. 

O diretor de engenharia ressaltou que essas informações podem ser escondidas até determinado ponto. Muitos sites dependem dos cookies para funcionar e pedem que o usuário se identifique para salvar essas informações utilizadas. Caso o usuário faça a identificação, a aba anônima acaba perdendo seu anonimato. 

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“O mais comum é que as informações guardadas no modo anônimo sejam modelo ‘Missão Impossível’, ou seja, a informação vai se autodestruir assim que você fechar o navegador. É claro, quanto mais tempo você passa navegando sem reiniciar o navegador, mais você vai sujando esse modo anônimo”, contou. “A medida que você vai navegando, você acaba criando identificações”. 

Imagem: Miha/ Shutterstock

Luiz Faro explicou que é difícil trabalhar com o conceito de segurança na internet, pois, toda atividade “tem seu risco inerente”. Para o especialista, é melhor trabalhar com as possibilidades de “mais seguro ou menos seguro”. 

Ao ser questionado se a aba anônima de um navegador seria mais segura que uma aba convencional, Faro afirmou que “não, pois, um mal que pode infectar seu navegador vai fazer isso na janela anônima do mesmo jeito”. 

“A aba anônima expõe menos os seus dados, ela não é mais segura, ela é mais privada. Privacidade e segurança não são a mesma coisa, apesar de terem zonas de sobreposição”, completou.

O engenheiro ainda ressaltou que uma janela privada protege os usuários localmente, ou seja, qualquer tipo de inspeção em camada de rede, como a busca por um IP, continuará podendo ser feita, por exemplo.

“Os modos anônimos dos diferentes navegadores são muito parecidos e, na verdade, é necessário estar atento aos plug-ins que você deixa instalar. Como usuário, você tem a habilidade de tornar seu navegador mais ou menos seguro com base nas aplicações que você autoriza a plugar neste navegador e coletar ou interagir com seus dados“, finalizou Faro. 

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