Muitos podem não se atentar para a higiene e sinais referentes a boca, mas os cuidados com os dentes e gengivas interferem diretamente no quadro geral de saúde. Após a chamada saúde bucal já ter sido associada à perda dos dentes e à prevenção do câncer de intestino, uma nova pesquisa publicada pelo Jornal da Sociedade Americana de Geriatria apontou uma relação também com a demência e o declínio cognitivo. 

Com o Dia Mundial da Saúde Bucal se aproximando — dia 25 de outubro — e a publicação do recente estudo, divulgado em setembro deste ano, especialistas alertam para os cuidados e importância de ir ao dentista periodicamente. 

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Segundo a cirurgiã dentista doutora em reabilitação oral, Talita Dantas, qualquer tipo de infecção ou contaminação presente na boca pode estar relacionada às doenças periodontais (tecidos de suporte, como gengivas e ossos), que podem também causar riscos à saúde do paciente como um todo, como doenças cardíacas e até diabetes

Mulher sendo atendida no dentista
Imagem: Dean Drobot/Shutterstock

“Quando negligenciadas, já temos comprovação de problemas cardíacos associados a infecções bucais, como a endocardite bacteriana, que ocorre quando as bactérias da boca entram na via sistêmica cardíaca e agrava a saúde do paciente. Agora, com os resultados desse estudo, vemos que os sinais bucais podem indicar também doenças cognitivas”, afirmou. 

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Qualquer infecção na boca que não possa ser controlada pode evoluir para uma infecção maior e generalizada, inclusive com risco de morte. Por isso, o acompanhamento com o dentista para limpeza e polimento dos dentes, junto à avaliação clínica das gengivas, é recomendado pela Associação Americana de Odontologia e aplicado em quase todos os países. Junto à boa escovação e uso regular do fio dental, essas são as medidas para prevenir o aparecimento de doenças periodontais. 

“Gengiva não sangra, dente não dói” 

A dentista ainda chama atenção para alguns sinais que não devem ser ignorados ou considerados naturais. “Dor, inchaço, sangramento e edemas não são coisas normais, então é preciso buscar atendimento e, claro, sempre escolher um profissional capacitado para perceber e avaliar todas as necessidades ou deficiências, sinais de infecções prévias antes de realizar o procedimento.” 

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Ante os sintomas, profissionais da área de odontologia podem pedir uma gama de exames, principalmente antes de realizar procedimentos cirúrgicos ou estéticos.  

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“Exames de sangue, lipidograma, hemograma, exames que envolvem avaliação de tempo de sangramento são alguns dos mais comuns antes de realizar procedimentos cirúrgicos. Para os tratamentos estéticos, o profissional pode pedir exames para avaliar os níveis ou deficiência de vitaminas, especialmente relacionadas à manutenção de colágeno e antioxidantes”, explicou Dantas. 

Os exames realizados antes dos procedimentos cirúrgicos ajudam o dentista a investigar alterações importantes que possa comprometer a cirurgia, tempo de sangramento elevado, deficiências ou até a presença de infecção para diagnosticar alguma alteração sistêmica que comprometa a cirurgia. No caso de tratamentos estéticos, o objetivo é identificar deficiências para suplementação. 

Outros estudos

Esse não é, no entanto, o primeiro estudo que identifica uma ligação entre o quadro da saúde bucal e sinais de demência. Uma equipe de pesquisadores da Universidade Tufts, EUA, observou uma correlação entre a gengivite — também conhecida como periodontite e doença periodontal — e o risco de Alzheimer. 

A gengivite ocorre por uma bactéria que surge a partir dos restos de alimentos e outras bactérias que, sem a escovação dos dentes e o uso do fio dental, encontram o ambiente perfeito para se proliferarem e criarem placas.

O ponto é: o microorganismo pode afetar o fenótipo do Alzheimer e “penetrar no cérebro para colonizar e secretar moléculas patológicas para exacerbar os sintomas e sinais da doença”, conforme explicou o Dr. Jake Jinkun Chen, professor de periodontologia e principal autor da pesquisa. 

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