O carro que dirige sozinho (ou autônomo) costuma ser comparado com conceitos futuristas e inspirados nos filmes de ficção. Nos últimos anos, apesar de a corrida para oferecer uma solução viável na área de direção autônoma ter ficado mais movimentada, a novidade ainda está longe de se tornar popular.

Decisões recentes de nomes importantes do meio automotivo, indicam que a tecnologia pode demorar mais que o esperado, mesmo que ainda conte com o apoio da Tesla.

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Ford desistiu da ideia?

Esta semana, um golpe duro para o segmento foi anunciado pela Ford. A montadora confirmou o fim da Argo AI nesta quarta-feira (26), uma empresa criada em parceria com a Volkswagen voltada para o desenvolvimento de solução de condução autônoma de nível 4 (de 5). 

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Neste patamar, os carros podem dirigir quase sozinhos, ainda que dependam da interferência de um condutor físico ou remoto para evitar acidentes em certas situações (como clima adverso, por exemplo).

Carros autônomos
Imagem: temp-64GTX/Shutterstock

A empresa deixou claro que deixará de focar nesse tipo de tecnologia mais avançada para se concentrar no BlueCruise, seu sistema de assistência ao motorista.

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A notícia do fim da Argo chega semanas após a empresa lançar um novo serviço de táxi autônomo no Texas que usava o Ford Escape híbrido na sua frota. No mês passado, a Argo também lançou novidades que deveriam servir de apoio para operações de entrega comercial autônoma. Um porta-voz da empresa disse ao TechCrunch que os testes vão parar por enquanto, voltando seus esforços para as ferramentas de assistência da Ford e da VW.

O CEO da Ford, Jim Farley, anunciou a decisão na conferência de resultados financeiros da empresa para o terceiro trimestre. Para o executivo, veículos totalmente autônomos, lucrativos e fabricados em larga escala, ainda são uma realidade distante.

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Rivian acompanhou a decisão 

Quem também está seguindo uma estratégia parecida é a Rivian. Segundo o CEO da montadora de carros elétricos, RJ Scaringe, a empresa também pretendia trabalhar em autonomia L4 (ou nível 4), no entanto, o foco mudou para a automação parcial (nível 2, ou L2), na qual se enquadram sistemas de piloto automático adaptativo, frenagem automática e assistente de permanência na faixa.

Scaringe acredita que a direção autônoma mais avançada ainda depende de hardware adequado para se tornar popular.

E a Tesla?

Carro elétrico da Tesla carregando, para ilustrar que os EVs estão com baixa confiabilidade, segundo relatório
Imagem: Tesla/Divulgação

Diferente das concorrentes, a Tesla ainda parece empenhada em avançar na sua tecnologia autônoma: o Autopilot (ou “Full Self-Driving”). Um grupo crescente de usuários, inclusive, se dedica a testar as últimas versões do sistema nas ruas (o que já foi alvo de críticas pelo possível risco de incidentes).

Elon Musk, o CEO da empresa, também declarou recentemente que cogita retirar a maioria dos sensores dos veículos. Na contramão de outras empresas, o executivo acredita que uma combinação de câmeras com um software mais avançado e baseado em inteligência artificial, será o suficiente para um carro “dirigir sozinho”.

No fim, o bilionário ainda deve explicações ao Departamento de Justiça dos EUA sobre uma investigação que bota em cheque a segurança do Autopilot.

Montadora enganou os clientes?

O Departamento de Justiça está investigando se a Tesla enganou compradores e investidores alegando o Autopilot oferece autonomia plena. Segundo a Reuters, a investigação começou em 2021 após o registro de diversos acidentes, inclusive fatais, envolvendo o piloto automático. No pior cenário, a empresa pode sofrer acusações criminais ou sofrer sanções.

Em agosto, também surgiram queixas contra a Tesla na justiça da Califórnia. A marca foi acusada de usar linguagem publicitária que não condiz com a realidade na descrição do Autopilot. A empresa dá a entender no seu site que os seus veículos conseguem rodar sem o auxílio do motorista: “Tudo o que você precisa fazer é entrar e dizer ao seu carro para onde ir”, diz a página.

Ao mesmo tempo, a companhia afirma o oposto na área de suporte, informando que o piloto automático deve ser usado “com um motorista atento e com as mãos no volante”. Esses recursos “não tornam o veículo autônomo”, acrescenta a página da Tesla. 

Por fim, a Administração Nacional de Segurança Rodoviária dos EUA (NHTSA) também está analisando o sistema de piloto automático da montadora. A entidade iniciou uma investigação no ano passado após 11 acidentes que resultaram em 17 feridos e uma morte.

Imagem principal: Andrey_Popov/Shutterstock

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