Um recente levantamento chamado “Receita de médico: o que pensa quem cuida de diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares” concluiu que boa parte dos endocrinologistas e cardiologistas não realizam o índice tornozelo-braquial (ITB), exame que analisa problemas de circulação nas pernas. Segundo dados do estudo, 84% dos profissionais ignoraram o teste no último ano, sendo ele o responsável por alertar para o risco de amputação em pessoas com diabetes tipo 2

Quando a diabetes leva à amputação? 

A diabetes é uma doença crônica na qual há ausência ou má absorção de insulina, hormônio responsável por regular a glicose no sangue e garantir seu aproveitamento como fonte de energia. Com a glicose sem um “gestor” para administrar sua produção, o excesso pode levar a alterações e complicações no organismo, como problemas nos rins, na visão e no coração. 

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De acordo com reportagem do UOL, níveis altos de açúcar no sangue afetam a irrigação da pele, ou seja, ela fica menos hidratada e sensível. Por impactar os nervos e vasos sanguíneos, ocorre também a perda de sensibilidade, ocasionando feridas que a pessoa nem sabe como adquiriu, já que ela não sente — são esses machucados que podem infeccionar, evoluindo para um caso grave de gangrena e resultando em uma amputação. Quando a perda de sensibilidade acontece ela é chamada de neuropatia diabética, já que afeta o funcionamento dos nervos periféricos devido à condição. 

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“A defesa do indivíduo contra a infecção pode estar prejudicada pelo açúcar alto no sangue. Para se ter ideia, uma ferida no pé antecede 85% das amputações. O diabetes é a principal causa de amputação não traumática [de um membro que não por acidente]”, explicou Fernando Valente, professor da disciplina de endocrinologia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) e membro da SBEM-SP (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo). 

Entre os sintomas da neuropatia está fraqueza, dormência e dor nas mãos e pés. O índice tornozelo-braquial não é invasivo e tem o objetivo de medir justamente a integridade da circulação arterial dos membros inferiores, podendo identificar ainda a Doença Arterial Obstrutiva Periférica (DAOP), que é o cometimento da aorta e de seus ramos, a aterosclerose (enrijecimento das artérias), e ainda de alertar para o maior risco cardiovascular. 

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Imagem: shutterstock

Por isso, tanto os cuidados com os pés, como atenção às unhas, hidratação e ao uso de calçados, como a realização do exame ITB são essenciais, servindo como ações de prevenção. O médico deve orientar em cada um desses passos, entre as principais recomendações estão: não andar descalço e nem usar chinelos de sola fina ou sapatos sem meia. 

Liderada pelo endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, pesquisador da USP (Universidade de São Paulo), em Ribeirão Preto, a pesquisa ouviu 654 médicos, sendo apresentada oficialmente à comunidade médica na última semana. 

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