Cientistas descobriram um rio de 460 quilômetros sob a Antártica. O avanço da perda de gelo, causada pelo aquecimento global, foi o fator que proporcionou esse achado. Agora, os especialistas acreditam que essa hidrovia tem o potencial de afetar a maneira como o gelo derrete e flui.

Já existe conhecimento acumulado sobre como a água flui sob as camadas de gelo. Ele pode fluir de duas formas: através do calor geotérmico ou do atrito. Esses dois fenômenos são capazes de derreter mantos de gelo sob a geleira, enquanto fendas profundas chamadas moulins podem canalizar a água derretida da superfície até sua base.

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Esse novo estudo mostra que na Antártica, há bastante derretimento na base das camadas de gelo e, por isso, esse rio se formou. O processo de derretimento é acentuado pelos próprios canais de água doce de alta pressão, pois a base da geleira se torna menos instável, no ponto em que se encontra com o mar. De acordo com o glaciólogo Martin Siegert, do Imperial College London, no Reino Unido, “a região onde este estudo está sediado contém gelo suficiente para elevar o nível do mar globalmente em 4,3 metros”.

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Essas descobertas são muito importantes, principalmente porque ajudam os cientistas a refinar as medições e criar modelos mais precisos para prever a perda de gelo no futuro. O glaciólogo Neil Ross, da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, disse que “a descoberta de um rio com centenas de quilômetros no interior das geleiras mostra que não podemos entender totalmente o derretimento do gelo sem considerar todo o sistema: manto de gelo, oceano e água doce”.

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Imagem: Os radares revelaram um rio escondido sob o gelo antártico. Créditos: Dow et al., Nature Geoscience, 2022

A formação dos rios pode aumentar ainda mais o derretimento

Caso as taxas de derretimento continuem elevadas, os pesquisadores alertam para o impacto significativo que isso terá nos rios ocultos que já existem e acentuando o derretimento através do processo de feedback, em que esse próprio processo de perda de gelo desencadeia mais perda. Uma maneira de isso acontecer é através de fluxos de águas profundas que fazem com que o gelo se mova mais rápido sobre a terra seca, criando mais atrito e ainda mais derretimento.

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O próximo passo da equipe será utilizar essas técnicas em outras partes do continente para descobrir mais sobre os efeitos e impactos possíveis dos rios localizados embaixo das geleiras. Para Siegert, esse é um passo importante, pois “agora estamos começando a entender que há sistemas inteiros lá embaixo, interligados por vastas redes fluviais, assim como poderiam ser se não houvesse milhares de metros de gelo em cima deles”.

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