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A Netflix renovou a série “Dahmer: Um Canibal Americano” para mais duas temporadas na última semana. Assim, a controversa produção de Ryan Murphy continuará, e isto faz sentido, mas dará certo?
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A produção transformou em ficção o caso real do serial killer Jeffrey Dahmer, também conhecido como O Canibal de Milwaukee, responsável pela morte de 17 homens e garotos entre 1978 e 1991. O caso ficou famoso não apenas pelo canibalismo praticado por Dahmer, mas também pela negligência policial, que permitiu que o assassino continuasse em ação.
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Os criadores e produtores vem destacando desde o anúncio da série que seu diferencial seria acompanhar esta história macabra do ponto de vista das vítimas da Jeffrey Dahmer. Mas isto não fez “Dahmer” escapar das polêmicas.
Isto porque os familiares das vítimas ou discordam que a Netflix explore novamente seu sofrimento para obter lucro, ou por, em alguns casos, afirmarem que o streaming nunca entrou em contato para pelo menos comunicar sobre a série. Além disso, a produção recebeu acusação de maus tratos por uma integrante da equipe e viu itens relacionados ao serial killer em alta para o Halloween.
Em meio a reclamações públicas e ameaças de processo, “Dahmer: Um Canibal Americano” alcançou o posto de terceira série mais assistida da história da Netflix, atrás apenas do fenômeno sul-coreano “Round 6” e da principal produção do streaming hoje, “Stranger Things” (no caso, a 4ª temporada).
Ao longo dos 28 primeiros dias de exibição, período utilizado pela Netflix para avaliar a audiência de suas produções, “Dahmer” acumulou impressionantes 856,2 milhões de horas assistidas. Por este ponto de vista, faz bastante sentido que a série tenha ganhado duas novas temporadas.
Por outro lado, muitos se perguntam o que será feito no futuro da série, afinal a história de Jeffrey Dahmer e suas vítimas teve início, meio e fim (não necessariamente nesta ordem). Mas é o título da produção em português que pode causar confusão nas pessoas, e explicar a continuação. Em inglês, a série se chama “DAHMER – Monster: The Jeffrey Dahmer Story, ou “DAHMER – Monstro: A História de Jeffrey Dahmer”.
A palavra “Monstro” no título é que deve reger a série daqui para frente, e a história de Jeffrey Dahmer se encerrou. Uma continuação envolvendo esta mesma história não faria sentido algum, mas “Dahmer” seguirá o caminho de outras produções de Ryan Murphy, e será uma série antológica.
Uma série antológica conta histórias diferentes, com personagens diferentes a cada episódio ou temporada. Ryan Murphy é bastante conhecido por “American Horror Story”, onde cada temporada conta uma história diferente e independente de terror. O mesmo vale para “American Crime Story”, outra produção sobre crimes reais do produtor, em que cada temporada foca em uma história diferente.
Assim, com a revelação de que as duas novas temporadas contarão “as histórias de outras figuras monstruosas que impactaram a sociedade”, conforme anúncio da Netflix, faz sentido que “Dahmer” continue. Caso a ideia fosse continuar a história apresentada na 1ª temporada, minha opinião seria diferente.
Resta saber quais outros casos serão adaptados para a ficção, informação que ainda não foi revelada, e se a Netflix terá um cuidado maior com as pessoas envolvidas. Além disso, carregar o nome de “Dahmer” pode não significar muita coisa se o produto não for tão bom quanto.
Um exemplo disto é a própria “American Crime Story“, cuja primeira temporada, “The People Vs. OJ Simpson”, foi um sucesso estrondoso, não acompanhado pela continuação, “The Assassination of Gianni Versace”, que focou no chocante assassinato do estilista Gianni Versace.
Antologias como esta podem muitas vezes ser vistas como minisséries independentes. Caso “Dahmer” não obtivesse o sucesso que conseguiu obter, nunca pensaríamos na possibilidade de a série ter uma continuação. Este tipo de manobra tenta extrair o sucesso de uma produção e repassar para outra, com diversas minisséries contando como uma série apenas. Mas esta estratégia só vai até certo ponto.
No Brasil, talvez seja mais difícil fazer as pessoas entenderem a relação de uma história com a outra, principalmente pelo simples fato de que “Dahmer: Um Canibal Americano” tem este título, sem a palavra “Monstro”. Faria sentido chamar outra história, sobre uma figura monstruosa diferente, de “Dahmer”? Veremos no futuro como a Netflix vai lidar com esta questão.
Concluindo, é possível afirmar que faz sentido uma renovação, com a Netflix buscando extrair ainda mais lucro desta história. Mas, para isto dar certo, a escolha das histórias a serem contadas e a qualidade dos novos elencos e produções serão tão importantes quanto iniciar uma nova minissérie, pois a maioria das pessoas deve ver as continuações desta forma.
Seria ideal que a produção buscasse uma abordagem mais sensível em relação a potenciais familiares das vítimas dos monstros retratados na série no futuro. Mas é possível que, apesar de ser eticamente questionável, a Netflix veja estas polêmicas como mais uma forma de obter atenção para produções como “Dahmer”.
“Dahmer: Um Canibal Americano” está disponível na Netflix. As continuações ainda não têm datas de lançamento anunciadas.
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