Na tarde de segunda-feira (14), os gerentes da missão Artemis 1, da NASA, se reuniram para discutir a prontidão de voo do megafoguete Space Launch System (SLS) após pequenos danos causados pelo furacão Nicole, que passou pela costa atlântica da Flórida na quinta-feira (10).

Embora uma pequena parte do veículo tenha sido danificada por ventos fortes durante o fenômeno, a agência optou por manter o lançamento rumo à Lua na madrugada desta quarta-feira (16). 

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Ilustração mostra o SLS e a nave Orion, da Nasa, em voo
Representação artística do lançamento do foguete Space Launch System (SLS), da NASA, com a cápsula Orion no topo, que deve decolar na madrugada desta quarta-feira (16), mesmo com os danos detectados após a passagem do furacão Nicole. Imagem: Nasa/Divulgação

“A recomendação unânime para a equipe foi que estamos em uma boa posição para ir em frente e prosseguir com a contagem regressiva do lançamento”, disse em entrevista coletiva Jeremy Parsons, vice-gerente do programa de Sistemas Terrestres de Exploração da NASA no Centro Espacial Kennedy (KSC), em Cabo Canaveral, na Flórida. 

Se tudo correr conforme o planejado durante as verificações adicionais de pré-voo e o processo de abastecimento criogênico nesta terça-feira (15), a missão Artemis 1 será lançada da Plataforma de Lançamento 39B às 3h04 (pelo horário de Brasília).

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Segundo a atualização mais recente no site da NASA, uma faixa de aproximadamente três metros da calafetagem isolante chamada RTV, projetada para suavizar uma pequena lacuna no exterior da cápsula Orion, foi prejudicada pelos ventos do furacão.

“Baixa probabilidade de risco crítico”, diz gerente da NASA

De acordo com o site Space.com, ao detectar os danos, os engenheiros ficaram preocupados que a parte ausente da calafetagem pudesse criar um fluxo de ar indesejado que poderia levar ao excesso de aquecimento durante o lançamento e o voo. 

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Então, foi feita uma “costura” entre uma ogiva no sistema de abortamento de lançamento da Orion e o adaptador do módulo de tripulação. Foram avaliados os riscos potenciais disso se desprender durante o lançamento. “A equipe de gerenciamento da missão determinou que há uma baixa probabilidade de que, se o material adicional se romper, isso representaria um risco crítico para o voo”, diz o comunicado

“Se tivermos um problema que nos leve a atender a um de nossos critérios de não ir, pode não ser o nosso dia”, disse Mike Sarafin, gerente da missão Artemis na sede da NASA em Washington, na coletiva de imprensa.

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Parsons, por sua vez, declarou que, apesar de ainda haver uma chance de os gerentes da missão descobrirem problemas que impediriam o lançamento nesta madrugada, há muito do que se orgulhar em termos de como as equipes responsáveis pela missão Artemis 1 perseveraram até agora em face dos muitos contratempos enfrentados.

“Eu simplesmente não posso estar mais orgulhoso deles. Porque eu acho que se você me perguntasse há algumas semanas, se nós passaríamos por uma tempestade como o furacão Nicole e depois seríamos capazes de ter limpado o veículo e deixado em boa forma, eu teria dito ‘ei, as chances são provavelmente baixas’. Mas esta equipe realmente está disparando em todos os cilindros”, disse Parsons.

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Trampolim para o espaço profundo

O principal objetivo desse voo não tripulado é testar tecnologias essenciais para todas as outras missões do Programa Artemis, como o foguete e a cápsula em si, além dos sistemas de comunicação e de suporte de vida. Estarão a bordo da espaçonave três manequins humanoides (dois femininos e um masculino) para verificar os efeitos que a exposição excessiva à radiação pode gerar no organismo humano em uma missão lunar de longa duração.

Ilustração em 3D mostra a cápsula Orion, que vai decolar rumo à Lua no topo do megafoguete Space Launch System (SLS) na madrugada desta quarta-feira (16). Imagem: Nostalgia for Infinity – Shutterstock

Seguindo essa missão, o próximo grande teste da nave Orion será o voo Artemis 2, que representará a primeira vez que a cápsula voará com tripulantes a bordo. Na ocasião, será percorrido o mesmo trajeto do voo não tripulado.

Mais tarde, com a missão Artemis 3, que está prevista para 2025 ou 2026, a cápsula finalmente pousará no polo sul da Lua, levando a primeira mulher e a primeira pessoa preta da história a pisar em solo lunar, mais de meio século depois da última vez que estivemos por lá, por meio das missões Apollo. 

O Olhar Digital já abordou as diferenças entre os dois programas (você pode conferir aqui), e a principal delas é que, desta vez, o objetivo é consolidar uma “segunda morada” para a espécie humana, com uma base fixa de exploração do espaço profundo. 

Isso significa estabelecer uma presença humana sustentável na Lua e ao redor dela, desenvolvendo a infraestrutura que nos permitirá avançar ainda mais no Sistema Solar. Se tudo correr como o planejado, essa instalação que se pretende assentar em solo lunar fará da Lua um verdadeiro trampolim para outros ambientes celestes, tendo Marte como primeiro alvo.

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