Na próxima segunda-feira (14) acontece o lançamento da Missão Artemis 1 para a Lua, o primeiro passo para voltarmos a levar humanos para o local, na Artemis 3, entre 2025 e 2026. O feito será histórico ,já que a última vez que estivemos por lá foi há 50 anos, em 1972, com a Apollo 17 na missão que marcou o fim do icônico programa espacial. Mas se a tecnologia evoluiu tanto nas últimas décadas, porque estamos há tempo tempo longe da Lua?

A resposta para essa dúvida envolve muitos fatores, desde questões tecnológicas, orçamentárias e científicas. Mesmo não tendo levado mais humanos para o satélite natural, diversos equipamentos já foram mandados para explorar o local sem a necessidade de uma pessoa o acompanhando. Aliás, já mandamos robôs para Marte e analisamos outros planetas do nosso sistema com sondas. Então, apesar de não termos mais pisado na Lua, a tecnologia em missões espaciais evoluiu, e muito.

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Custos para ir à Lua

Os computadores atuais são infinitamente mais poderosos do que os usados na Apollo 11, que levou humanos para a Lua pela primeira vez. Os equipamentos da nave tinham pouco mais de 4 MB de memória RAM para leitura de dados e uma capacidade de processamento que hoje vemos em laptops para crianças. No entanto, apesar da gigantesca evolução no ramo computacional, o fato é que ir à Lua continua extremamente caro.

Esse é um dos principais motivos de não termos voltado para a Lua: o custo. Primeiro é preciso analisar o contexto do projeto Apollo, no auge da corrida espacial, quando os Estados Unidos precisavam provar sua superioridade ante a União Soviética, que saiu na frente com o Sputnik (o primeiro satélite em órbita) e Yuri Gagarin (primeiro homem no espaço).

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Com isso, para os EUA, chegar à Lua não era apenas uma questão científica, mas principalmente uma forma de superar seu principal rival naquele momento. Ou seja: o orçamento do programa Apollo era exorbitante, já que chegar à Lua se tornou uma questão de honra para os EUA, o que deu à missão um carácter militar. 

Com o fim do programa Apollo, os EUA já haviam conquistado seu objetivo e para os Soviéticos, não valia mais a pena investir tanto nessa empreitada após a derrota para os americanos. Depois do período, outros investimentos espaciais importantes, como sondas e telescópios foram feitos, e a ida de humanos à Lua ficou de lado, sendo mais barato e menos arriscado enviar missões não-tripuladas para o local ao invés de colocar astronautas em risco.

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Para se ter uma noção, recentemente foi enviada a sonda CAPSTONE para a Lua. O pequeno Cubsat foi lançado no mês passado e deve chegar no satélite natural em novembro. Ou seja, quatro meses de viagem. O tempo é pelo fato da missão ter sido lançada em um foguete bem menos potente do que o Saturno V usado na Apollo, que chegava na Lua em apenas três dias (ou do SLS usado na Artemis). Essa redução de potência, também representa uma forte redução de custos.

Imagem tirada na primeira viagem do Homem à Lua
Crédito: Nasa/Divulgação

Por que voltar com humanos à Lua agora?

Mas depois de tanto tempo, porque estamos voltando à Lua agora? A missão Artemis surge depois de um momento de baixa para as missões tripuladas da NASA. No governo Obama, o programa Constellation, iniciado na era Bush, foi encerrado, assim como os ônibus espaciais foram aposentados. Isso foi motivado devido a atrasos e ao alto custo do projeto.

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Como sabemos, isso não representou o fim da exploração espacial para os EUA. Na verdade, após a aposentadoria do programa dos ônibus espaciais, o congresso dos EUA aprovou que a NASA desenvolvesse um novo foguete para transportar a cápsula Orion. Assim nasceu o SLS e o programa Artemis começou a ganhar forma. 

Isso não muda o fato de o programa ser extremamente caro e ter aumentado de custos desde sua previsão inicial. Até 2025, é estimado que o programa Artemis vai ter custado US$ 93 bilhões aos cofres americanos, o que motivou polêmicas e atrasos nos planos. Mas, por enquanto, o congresso segue mantendo o financiamento do projeto.

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Mesmo com tudo isso, existem motivos para a Lua. Primeiramente, as missões da Apollo não exploraram de maneira profunda o nosso satélite natural e ainda existem diversas áreas pouco analisadas, como os polos, que devem ser o foco inicial da Artemis. Outro motivo, é que a operação pode servir de trampolim para um plano mais ousado: levar astronautas para Marte.

A ideia da NASA é ousada e envolve a construção de uma estação espacial na órbita lunar, a Gateway , que vai permitir retornos muito mais fáceis à Lua. No programa Apollo, a cada nova missão tudo precisava ser feito do zero, o que aumenta significamente os custos. A NASA também pretende usar essa base para apoiar uma eventual missão para enviar humanos a Marte no futuro.

Sobre o futuro da Artemis depois da 3, a NASA já planeja a 4 e missões de retorno para a Lua, incluindo a construção da Gateway em parceria com a agência europeia e a agência japonesa. Mas tudo isso, é claro, depende ainda da aprovação do Congresso dos Estados Unidos.

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