Impressão artística de um Cardiodictyon catenulum
A questão sobre como surgiu o cérebro nos artrópodes sempre foi um debate, mas recentemente foram feitas descobertas que podem solucionar essa dúvida. A pesquisa publicada na revista Science e liderada pelos neurocientistas Nicholas Strausfeld e Frank Hirth revelou ter encontrado o cérebro fossilizado mais antigo conhecido. A publicação descreve detalhadamente o Cardiodictyon catenulum, um animal que viveu a mais de meio bilhões de anos e se parecia com um verme.
O fóssil foi achado em Yunnan, uma província no sul da China e mede cerca de 1,5 cm de comprimento e com uma incrível preservação do seu sistema nervoso. A datação dele marca sua existência no Cambriano, período em que ocorreu o surgimento de inúmeros grupos de animais modernos. O Cardiodictyon catenulum possui diversos pares de pernas não articulados, pertencia ao extinto grupo lobopodianos blindados e provavelmente viviam no fundo mar.
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Os fósseis encontrados mostram um animal com tronco segmentado, com estruturas neurais repetidas durante os segmentos, conhecidas como gânglios. Dadas essas características de segmentação, o animal pode ser considerado o primeiro artrópode conhecido, ancestral de animais como os insetos, aracnídeos, crustáceos e centopéias.
Mas as estruturas segmentadas não acontecem por exemplo na sua cabeça e cérebro. Até então os biólogos acreditavam que o cérebro era uma extensão anterior do corpo segmentado. Entretanto, a observação fez os pesquisadores concluírem que ele e o sistema nervoso do tronco evoluíram separadamente. “Essa anatomia foi completamente inesperada porque as cabeças e cérebros dos artrópodes modernos, e alguns de seus ancestrais fossilizados, foram considerados segmentados por mais de cem anos” aponta Strausfeld ao Sci Tech Daily.
A descoberta também choca ao observar um cérebro fossilizado, que até pouco tempo acreditava-se que eles não fossilizavam. No estudo eles compararam o órgão dos Cardiodictyon catenulum com o de outros fósseis e artrópodes. Os pesquisadores perceberam que eles compartilhavam um modelo de organização cerebral muito parecido e que existe até hoje, “Ao comparar padrões de expressão genética conhecidos em espécies vivas identificamos uma assinatura comum de todos os cérebros e como eles são formados”. disse Hirth.
O estudo também mostrou coisas parecidas entre o sistema nervoso desses animais com os vertebrados. Eles apontam que o fato do desenvolvimento do nosso cérebro e medula espinhal terem sido distintos é semelhante com a evolução distinta do cérebro e do tronco deles.
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