Vale a pena? Pagar para desbloquear recursos com o carro na garagem já é realidade

A nova tendência no meio automotivo é a venda de pacotes que liberam mais potência e funcionalidades
Gabriel Sérvio07/12/2022 17h50, atualizada em 07/12/2022 18h36
Interior de um veículo elétrico Tesla Model S; mulher dirigindo e tocando no painel touchscreen.
Imagem: Kaspars Grinvalds/Shutterstock
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Com cada vez mais funções controladas por software, os carros modernos se transformaram basicamente em computadores potentes sobre rodas. No mesmo molde dos smartphones, que recebem atualizações que melhoram o desempenho e o consumo de bateria, as montadoras enxergaram um novo e controverso modelo de negócio: a venda de pacotes que liberam mais funções ou simplesmente deixam o seu carro mais potente.

A alemã BMW chamou a atenção da mídia quando anunciou em julho a cobrança de assinaturas por meio do sistema ConnectedDrive para desbloquear funções básicas dos seus veículos. Para usar o assento aquecido, por exemplo, o proprietário terá que pagar US$ 18 por mês na Coreia do Sul (quase R$ 94 em conversão direta).

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Se preferir comprar o recurso de vez, o preço sobe para US$ 406 (praticamente R$ 2.114). A novíssima função antirroubo da marca, também será vendida separadamente.

BMW cobra assinatura para desbloquear o uso de assentos aquecidos na Coreia do Sul. Imagem: BMW ConnectedDrive/Reprodução

A Mercedes-Benz também embarcou na ideia e anunciou recentemente que vai vender por US$ 1.200 ao ano (quase R$ 6.250 na cotação atual) um software que libera toda a potência dos motores elétricos das linhas EQE e EQS. A novidade está disponível desde o fim de novembro nos EUA.

Site americano da Mercedes mostra a opção para contratar a assinatura. Imagem: Merecedes-Benz/Reprodução

O upgrade liberado para o EQS e EQS SUV, por exemplo, é instalado na central multimídia, que repassa os “ajustes finos” para o veículo e eleva os 360 cv de fábrica para 448 cv. A Polestar, a marca de carros elétricos da Volvo, também seguiu um caminho parecido e acaba de lançar uma atualização que oferece um salto de 68 cavalos para o Polestar 2.

Vendido nos EUA e Canadá, o opcional sai por uma taxa única de US$ 1.195, cerca de R$ 6,2 mil na cotação atual. O ajuste de software também é instalado remotamente e eleva a potência da versão bimotor e de longo alcance do Polestar 2 para 476 cavalos, reduzindo o tempo de aceleração de 0 a 100 km/h de 4,5 s para 4,2 s. 

Por fim, também vale mencionar a Tesla, a empresa de Elon Musk foi quem popularizou as atualizações remotas no meio automotivo e também passou a cobrar taxas por serviços essenciais, como o uso do sistema de navegação.

Até então, o acesso ao sistema era vitalício e gratuito. Agora, funcionará sem gerar cobrança por oito anos, contados a partir da entrega de veículos novos vendidos após o dia 20 de julho de 2022. Depois disso, os proprietários serão obrigados a assinar o pacote “Premium Connectivity”, que sai por US$ 9,99 por mês ou US$ 99 ao ano.

Vale a pena gastar mais para ter mais?

A polêmica em torno desse novo formato de venda é que o proprietário pode acabar pagando por funcionalidades que estão “adormecidas”, normalmente ligadas a entretenimento, conforto ou automação. No fim da linha, resta ao comprador pesar no bolso se vale a pena investir ou não dependendo do “opcional”.

Um contraponto positivo é que os carros ao menos recebem essas melhorias sem precisar trocar peças ou sair de casa para visitar a oficina. Para os próximos anos, a tendência é que a maioria das montadoras adotem esse formato.

Até a gigante Volkswagen também está de olho. A empresa já deu indícios no ano passado de que pode lançar pacotes parecidos para a sua linha de carros elétricos ID, informou o The Truth About Cars.

A boa notícia é que essa moda ainda não vingou no mercado brasileiro, entretanto, tudo indica que é apenas questão de tempo, julgando pela quantidade de empresas que já estão apostando na ideia no exterior.

Imagem principal: Kaspars Grinvalds/Shutterstock

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Gabriel Sérvio é formado em Comunicação Social pelo Centro Universitário Geraldo Di Biase e faz parte da redação do Olhar Digital desde 2020.