Furacões espaciais são vistos na atmosfera da Terra

Apesar de parecer assustador, o novo tipo de aurora é observado em regiões de alta latitude e não muda muito das auroras convencionais
Por Mateus Dias, editado por Lucas Soares 22/12/2022 20h00, atualizada em 22/12/2022 20h19
aurora
Imagem: Twitter
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As impressionantes auroras são causadas pelo impacto das partículas dos ventos solares na atmosfera terrestre. Em um estudo do ano passado, os cientistas observaram uma interessante variação das auroras, vistas de cima elas parecem um grande furacão brilhante. Agora uma pesquisa recentemente publicada lança mais informações sobre elas.

Os astrônomos também chamam esse novo tipo de aurora de furacão espacial por sua forma de funil. Elas possuem diversos braços e podem chegar a cerca de 1000 quilômetros de diâmetro. Os cientistas já cogitaram que auroras poderiam acontecer na região onde elas foram encontradas, só que nunca antes foram feitos estudos sobre elas. 

“As pessoas já sabiam que havia alguma aurora brilhante ou algumas formas de aurora naquela região antes, mas ninguém havia realmente reunido essa imagem coesa. É muito forte e a aurora pode ser muito, muito brilhante.” Explicou Larry Lyons, co-autor do estudo, em resposta ao The Washington Post.

Furacão Espacial [Imagem: Qing-He Zhang]

Diferente das auroras tradicionais que duram apenas alguns minutos, os furacões espaciais podem ficar girando sobre o Polo Norte por cerca de 8 horas. Eles começam por volta do início das tardes de verão.

A descoberta foi feita acidentalmente. Enquanto eles faziam uma análise de satélites para outro projeto, perceberam um forte fluxo de plasma na região da calota polar norte. Observando mais, perceberam se tratar de uma forte aurora nas regiões polares. E ao longo de 11 anos os pesquisadores observaram mais de 3000 eventos do tipo.

“Você olha mais de perto e eu digo: ‘Espere um minuto, esses fluxos estão flutuando em um círculo. E no centro, há uma grande mancha auroral, uma aurora muito brilhante. Nossa, isso é interessante. Vamos olhar mais de perto’” explicou Lyons. 

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Como se formam as auroras boreais?

O sol está sempre emitindo partículas carregadas a qual chamamos de vento solar. As auroras convencionais acontecem quando essas partículas energizadas do Sol chocam-se com a magnetosfera terrestre, por volta de 100 a 250 quilômetros de altura. A magnetosfera é um escudo magnético que envolve a Terra formado por correntes elétricas e que protege o planeta da radiação e partículas solares. 

Ao chocar-se com a magnetosfera, os ventos solares alteram a organização das correntes que formam o escudo. Os elétrons vindos do sol que ficaram presos no campo magnético ao chocar-se com os gases da atmosfera, excitam as moléculas e liberam fótons de luz. O resultado são as linhas brilhantes que podem ser vistas no céu.

Nas auroras em formato de furacão não acontece muito diferente. A diferença é o local onde elas ocorrem. As auroras tradicionais acontecem em regiões de alta latitude, já os furacões espaciais acontecem em regiões de latitudes ainda mais altas que as convencionais, nas calotas polares.Geralmente elas aparecem em períodos de baixas perturbações por partículas solares do campo magnético da Terra e podem ser vistas acima de latitudes 80°.

Redator(a)

Mateus Dias é estudante de jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é redator de Ciência e Espaço do Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.