Um estudo publicado na revista Nature Astronomy, liderado por pesquisadores chineses, descobriu que o “ferro férrico” (também chamado de ferro não-heme) é onipresente e está em constante crescimento na superfície da Lua.
Segundo o site Phys, os professores Xu Yigang e He Hongping, do Instituto de Geoquímica de Guangzhou, da Academia Chinesa de Ciências, identificaram um alto teor de ferro férrico nos aglutinados vítricos do solo lunar coletados pela missão chinesa Chang’e-5.
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Em química, esse termo é reservado para ferro com um número de oxidação de +3, também notado como ferro (III) ou Fe³⁺. A equipe comandada por eles descobriu que o Fe³⁺ presente na Lua foi formado a partir de uma reação de desproporção de carga desse elemento em processos de impacto de micrometeoroides. Tal constatação desafiou o conhecimento prévio sobre a forma, o conteúdo e a evolução do ferro férrico lunar.
Para estimar a concentração férrica em minúsculas partículas aglutinadas (~100 μm) formadas durante impactos micrometeoroides, os pesquisadores observaram a morfologia da superfície das partículas usando microscopia eletrônica de varredura.
Eles coletaram amostras de uma folha em escala de mícrons usando um feixe de íons focados e, em seguida, examinaram-na usando microscopia eletrônica de transmissão de alta resolução (HRTEM) e espectroscopia de perda de energia eletrônica (EELS).
Os cientistas estimaram a distribuição tridimensional de espécies de ferro com várias valências (índice que denota a capacidade que um átomo de um elemento tem de se combinar com outros átomos) usando a tecnologia de tomografia eletrônica baseada em EELS.
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Com base nos resultados quantitativos, eles concluíram que, enquanto o ferro férrico foi formado a partir da reação de desproporção da carga durante impactos de micrometeoroides, o outro tipo de ferro identificado foi formado pela irradiação do vento solar.
Além disso, eles também descobriram que a reação de desproporção de carga está em andamento na Lua, já que os micrometeoritos continuam bombardeando a superfícielunar. “Os impactos repetitivos de micrometeoroides na superfície lunar sugerem que o teor de ferro férrico induzido pelo impacto está aumentando progressivamente”, disse o Prof. Xu.
“O alto teor desse elemento descoberto no vidro aglutinado, no entanto, não representa uma Lua oxidada, pois a reação de desproporção de carga não introduz oxigênio extra ou remove nenhum elétron do astro. Mas, a evolução induzida pelo impacto da valência de ferro poderia lançar luz sobre a evolução ambiental da superfície de corpos sem ar”, acrescentou o pesquisador.
Nota: Este texto foi atualizado, corrigindo a informação de que teria sido detectado “ferro ferroso” na Lua. Em química o termo “férrico” é reservado para ferro com um número de oxidação de +3, também notado como ferro (III) ou Fe³⁺. Por outro lado, ferroso refere-se a ferro com número de oxidação de +2, notado ferro (II) ou Fe²⁺. Observação apontada pelo leitor Alexandre D. Martins Cavagis, químico com mestrado e doutorado em Bioquímica pela Universidade de Campinas (UNICAMP) e PhD pela Universidade de Groningen (RuG), na Holanda, e professor da Universidade Federal de São Carlos em Sorocaba (UFSCar Sorocaba).
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