Está precisando de uma grana extra e tem familiaridade com leitura de imagens de satélite e Google Maps? Então, a NASA tem uma oportunidade para você. A agência espacial norte-americana está oferecendo prêmios em dinheiro para cientistas cidadãos que consigam encontrar e classificar flores de algas em fotos feitas a partir do espaço.

Proliferação de algas no Lago Erie – um dos cinco Grandes Lagos da América do Norte – em 2011. Crédito: MERIS/NASA

Chamado “Tick Tick Bloom“, o concurso requer que os participantes olhem para imagens de satélite de corpos d’ água interiores e observem se as florações de algas estão presentes. Se estiverem, elas devem ser classificadas com base na gravidade.

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O primeiro colocado vai embolsar um prêmio no valor de US$12 mil (algo em torno de R$62,3 mil). Já o segundo e o terceiro lugar vão receber, respectivamente, US$9 mil (R$47,6 mil) e US$6 mil (R$31,1 mil).

Ainda estão reservados um bônus de US$2 mil (R$10,3 mil) para o campeão e um de US$1 mil (R$5,2 mil) para o vice, segundo a página oficial do concurso, onde os interessados devem fazer sua inscrição.

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O concurso é aberto a todas as pessoas físicas que sejam residentes legais de qualquer país do mundo, não sendo alvo de quaisquer sanções comerciais administradas ou aplicadas pelos EUA e que, na data de ingresso, tenham pelo menos dezoito anos de idade. Não há necessidade de nenhuma compra, doação ou despesa de qualquer natureza para participar.

A competição vai terminar no dia 17 de fevereiro, às 20h59 (pelo horário de Brasília).

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Sobre as florações de algas tóxicas

Florações de algas são crescimentos em massa de algas microscópicas ou fitoplâncton, geralmente como resultado de um influxo de nutrientes. Se isso ocorrer em corpos d’água interiores, podem causar estragos nos ecossistemas marinhos devido ao bloqueio da luz solar abaixo da vegetação e ao esgotamento de todo o oxigênio na água.

Além disso, a proliferação de algas cianobacterianas muitas vezes produz toxinas, o que pode ser perigoso para os seres humanos e a vida selvagem que beba ou nade no lugar. Estas são conhecidas como florações de algas nocivas (HABs).

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Em 2017, as microcistinas, toxinas produzidas por certas cianobactérias de água doce, foram encontradas em 39% dos lagos amostrados pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA. Essas toxinas normalmente se enquadram em uma das duas categorias: toxinas que visam o fígado (hepatotoxinas) ou toxinas que visam o sistema nervoso (neurotoxinas).

Imagem de satélite registrada em 2015 mostra florações de algas no Lago St. Clair e no oeste do Lago Erie, ambos membros do conjunto conhecido como Grandes Lagos da América do Norte. Créditos: MODIS Rapid Res/EPA da NASA/Goddard

De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, essas toxinas podem ser absorvidas através da pele, inaladas, ingeridas ou consumidas através de alimentos contaminados e podem provocar sintomas semelhantes aos da gripe, além de irritação da pele, respiração anormal, sintomas gastrointestinais e até paralisia em humanos. Convulsões e morte podem ocorrer em animais domésticos, devido à sua menor massa.

Em animais selvagens, essas toxinas também podem levar a problemas neurológicos causando comportamentos incomuns, como tem sido visto atualmente em uma população de lobos-marinhos do Cabo na costa da Cidade do Cabo, na África do Sul, de acordo com o site Newsweek.

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NASA quer usar Inteligência Artificial a serviço da natureza

Normalmente, as florações de algas são detectadas por coleta manual de amostras da água, conhecida como amostragem in situ. Embora seja uma maneira precisa de determinar se um corpo d’água contém algas, a técnica é demorada e difícil de fazer em larga escala, de modo que o reconhecimento dos sinais de proliferação de algas em imagens de satélite precisa contar com a ajuda dos computadores.

As classificações fornecidas pelos participantes da competição serão usadas para treinar um algoritmo de Inteligência Artificial capaz de fazer isso, o que significa que os computadores serão mais capazes de encontrar áreas onde uma floração de algas está ocorrendo. 

Segundo a NASA, isso ajudará os gerentes de qualidade da água a saber de onde tirar amostras e descobrir mais rapidamente quais áreas podem ou não ser seguras para consumo humano.

“Os cinco melhores desempenhos nesta competição serão convidados a apresentar um breve resumo de sua metodologia de modelagem. Um prêmio bônus será concedido aos dois melhores artigos, conforme selecionados por um painel de jurados com base em fatores como interpretabilidade e robustez do modelo”, disse a NASA em comunicado.

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