Um estudo publicado recentemente na revista Evolution descreve uma descoberta que surpreendeu os pesquisadores: as aranhas-do-mar são capazes de regenerar suas partes traseiras.

Em uma série de experimentos, os cientistas notaram que os espécimes mais jovens da Pycnogonum litorale conseguem regenerar completamente uma série de partes do corpo amputadas, incluindo membros posteriores, frações de suas entranhas, órgãos reprodutivos e até mesmo seus ânus.

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Descoberta dessa habilidade desconhecida das aranhas-do-mar surpreendeu os cientistas; habilidade era desconhecida até então. Imagem: AshtonEa – Shutterstock

Pertencentes à classe Pycnogonida, as aranhas-do-mar são um grupo de cerca de 1.300 artrópodes marinhos com oito patas. 

Outros artrópodes, como certas aranhas terrestres, centopeias e caranguejos, também podem regenerar partes do corpo, permitindo-lhes escapar de predadores que lhes mordem. 

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No entanto, há muito se achava que as aranhas marinhas não tinham essa habilidade porque elas desenvolveram exoesqueletos duros para protegê-las de predadores, o que sugeria que elas poderiam não precisar de nenhuma outra forma de defesa.

No novo estudo, os pesquisadores testaram essa suposição amputando partes do corpo de 23 aranhas-do-mar jovens e 23 adultas. Os adultos não conseguiram regenerar nenhuma das partes do corpo perdidas, mas, surpreendentemente, a maioria dos espécimes juvenis regenerou as partes que faltavam.

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“Fomos os primeiros a mostrar que isso é possível”, declarou Gerhard Scholtz, um zoólogo da Universidade Humboldt de Berlim, na Alemanha, à agência de notícias francesa AFP. “Ninguém esperava.”

Durante os experimentos, as aranhas-do-mar tiveram pedaços variados de suas seções posteriores removidas, como as patas traseiras, intestino traseiro, ânus, várias regiões musculares e órgãos reprodutivos, que incluem gonodutos nas fêmeas e gonóporos nos machos.

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Além de ser incapaz de regenerar as partes do corpo perdidas, a maioria dos adultos morreu em decorrência dos ferimentos, embora alguns indivíduos que sofreram danos menos extensos tenham sido capazes de sobreviver por até dois anos após os testes. 

No entanto, 16 juvenis sobreviveram às suas amputações e 14 foram capazes de regenerar totalmente suas partes do corpo perdidas, apesar de alguns indivíduos que tiveram todas as quatro patas traseiras removidas tenham regenerado somente duas pernas de substituição.

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Os autores da nova pesquisa observaram que a incapacidade dos adultos de regenerar partes perdidas do corpo é provavelmente o motivo pelo qual as habilidades regenerativas dos juvenis passaram despercebidas até agora.

A equipe agora quer descobrir o mecanismo exato que desencadeia a regeneração em aranhas-do-mar e compará-lo com as habilidades regenerativas de outros artrópodes.

“Podemos tentar descobrir no nível celular e no nível molecular o que inicia a regeneração”, disse Scholtz. “É possível que envolva células-tronco, ou células indiferenciadas que podem se transformar em qualquer outro tipo de célula”.

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