Um esqueleto de mulher foi encontrado em 2007 na Igreja de Todos os Santos, que fica na cidade de York, Inglaterra, em uma posição incomum. Uma nova pesquisa, publicada na revista Medieval Archaeology, revelou que, possivelmente, os restos mortais pertenciam a uma eremita que tinha graves problemas de saúde.

A eremita de York, Lady Isabel German, passou a vida fechada em um único quarto, e uma nova pesquisa aponta que ela tinha sífilis. Créditos: o espeto de Lady German após encontrado nas fundações (canto inferior direito) de uma igreja de York (All Saints on Fishergate). Canto superior direito: arqueóloga Dra. Lauren McIntyre (On-Site Archaeology Ltd)

Em resumo:

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  • Estudo descobriu que os ossos provavelmente pertenciam à Lady Isabel German, uma eremita religiosa que se isolou em um único cômodo da igreja, no século 15;
  • Ela foi enterrada agachada, uma posição incomum para época em que viveu, em uma sala atrás do altar da igreja, o que indica alto status;
  • A datação de radiocarbono dos restos mortais indica que ela morreu com artrite séptica, sífilis venérea avançada e declínio da saúde mental.

Os pesquisadores acreditam que a posição em que a eremita foi enterrada seja em razão do local apertado em que seu corpo foi depositado ou por causa da artrite. Além disso, pode ser que ela tenha morrido nessa posição e, antes que fosse enterrada, o rigor mortis (rigidez cadavérica) já tinha se instalado.

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Origem da sífilis

Apenas um osso encontrado separado teve a sífilis confirmada. Então, o pedaço de crânio desenterrado poderia ser de um outro indivíduo enterrado no mesmo lugar. Diversas lesões que sugerem relação com a IST, no entanto, foram encontradas em outras partes do esqueleto da eremita.

Os arqueólogos teorizam algumas possibilidades sobre como a eremita contraiu a doença enquanto vivia reclusa na igreja. Uma delas é que ela possa ter sido contaminada antes do período de 28 anos que ficou isolada. Ao fazer isso, talvez ela pensasse estar cumprindo uma penitência por ter adquirido a infecção, que pode causar feridas e erupções cutâneas pelo corpo.

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Quanto às circunstâncias em que aconteceram o contato sexual, os pesquisadores não sabem dizer se foi ou não consensual. No entanto, Isabel viveu em um período em que doenças visíveis e desfigurantes eram associadas ao pecado, vistas como um castigo de Deus.

Embora seja muito tentador sugerir que alguém com uma doença desfigurante visível seria rejeitado ou desejaria se comprometer a viver como anacoreta [eremitas cristãos] como forma de se esconder do mundo, esta pesquisa mostrou que esse pode não ser o caso. Doença tão grave também poderia ter sido vista positivamente, sendo enviada por Deus para conceder o status de mártir a alguém especial.

 Lauren McIntyre, osteoarquologa da Universidade de Oxford, em comunicado

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