No último final de semana (Carnaval), moradores e turistas do Litoral Norte de São Paulo viveram tragédia histórica após fortes chuvas devastarem a região. Embora o temporal seja considerado um marco com o maior registro de volume de chuvas do Brasil e, até o momento, com 48 vítimas, essa não é a primeira vez que a extensão das praias sofre com o deslizamento de terra. 

Há quase 56 anos, moradores de Caraguatatuba viviam outra catástrofe marcante. De acordo com informações do G1, parte da Serra do Mar deslizou sobre a cidade em março de 1967, deixando 450 mortos e 3 mil desaparecidos, segundo registros oficiais. 

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Na época, com 15 mil habitantes, o desastre foi considerado um dos maiores da história, impulsionando a criação da Defesa Civil do Estado de São Paulo — os incêndios dos Edifícios Andraus (1972) e Joelma (1974) também reforçaram a necessidade da criação de um órgão que prevenisse ou minimizasse as consequências de desastres. 

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Conforme atualização da Defesa Civil, a recente tragédia do Litoral Norte que atingiu principalmente a costa sul de São Sebastião fez 48 vítimas até agora (47 em São Sebastião e uma em Ubatuba) e tem quase 60 desaparecidos, sem contar as famílias desabrigadas. As equipes de resgate entraram nesta quarta-feira (22) no quarto dia de buscas. 

Fortes chuvas deixam dezenas de mortos no litoral de SP
Imagem: Divulgação/Defesa Civil de São Sebastião

O mesmo problema 56 anos depois 

A origem dos deslizamentos atuais ainda são os mesmos de praticamente 56 anos atrás: liquefação do solo. O fenômeno acontece quando a água das chuvas deixa a terra cada vez mais saturada — perdendo a resistência — até que o solo se transforma em lama. Em regiões íngremes, o risco de deslizamento é maior. 

Em entrevista ao Olhar Digital, a meteorologista da Climatempo Maria Clara Sassaki explicou que cidades do litoral registraram chuvas de quase 700mm, muito mais do que o dobro esperado para todo o mês de fevereiro — a média histórica para o mês fica entre 200 e 300mm na região. Para o engenheiro especialista em riscos e segurança Gerardo Portela, o agravamento das consequências está diretamente ligado às condições precárias de infraestrutura.  

Brasil tem 4 milhões morando em áreas de risco 

Segundo o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, à Agência Brasil, o Brasil tem hoje já mapeadas pela Defesa Civil Nacional aproximadamente 14 mil pontos de riscos altíssimos de desastre e 4 milhões de pessoas morando nessas áreas. 

Góes destacou que um alerta da Defesa Civil foi emitido a respeito do risco de fortes temporais durante o Carnaval. Embora ele acredite que municípios precisam, de fato, se organizar mais, a população também resiste em acreditar em alertas.   

É bom a gente lembrar quem está lidando com informações. As pessoas, às vezes, tendem a querer acreditar que não vai acontecer [um desastre]. Então acabam ficando nas suas casas, ou se deslocando [para o local onde foi dado o alerta], como é o caso do litoral paulista norte, uma região belíssima, de turismo muito forte, sempre muito buscada nesses períodos.

Ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes

Vale pontuar que a Defesa Civil emitiu um novo alerta para mais chuvas no Litoral Norte de São Paulo na tarde desta quarta-feira (22). O alerta vale principalmente para a Baixada Santista, Litoral norte e Vale do Paraíba. 

Com informações do G1 e Agência Brasil 

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