Entre as sequelas da Covid-19, o comprometimento do paladar e do olfato, além de dificuldades respiratórias e perda de memória, são algumas das mais conhecidas. Um estudo recente da Universidade de Darmouth mostra que, a longo prazo, a infecção pelo vírus também pode comprometer a capacidade de reconhecer rostos familiares.
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Realizada pelos neuropsicólogos Marie-Luise Kieseler e Brad Duchaine, a pesquisa investiga como a Covid-19 pode causar problemas neurológicos e conta com a participação de mais de 50 pacientes que já passaram por um quadro de infecção longo. A maioria apresentou dificuldades com a memória facial.
Como a Covid-19 pode afetar a memória facial?
No estudo, os cientistas se depararam com Annie (um pseudônimo para proteger a privacidade da paciente). Aos 28 anos e depois de alguns meses depois da infecção pela Covid-19, ela passou a ter dificuldades em reconhecer o rosto do pai e outros problemas de memória, como lembrar o local onde tinha estacionado o carro.
Annie foi submetida a dois testes de reconhecimento facial: um que analisava rostos já conhecidos por ela e outro que a introduzia a pessoas e nomes novos. No primeiro, ela identificou 69% dos testes; no segundo, 56%.
O resultado do teste com rostos não familiares mostra que não é apenas que a Annie não consegue lembrar nomes e informações de uma pessoa famosa com que ela está familiarizada, mas que ela também tem dificuldade em aprender novas identidades.
Marie-Luise Kieseler
Mais informações sobre o estudo
- A cegueira facial (ou prosopagnosia) ocorre após danos cerebrais ou déficits de desenvolvimento, explicou Duchaine;
- No caso de Annie, o comprometimento na memória facial veio acompanhado de fadiga, problemas de concentração e perda da memória no geral, além de eventuais dificuldades no equilíbrio e enxaquecas;
- O estudo sugere que, para Annie, problemas com o reconhecimento facial podem ser específicos e não parte de um quadro geral.
Os neuropsicólogos alertam que, apesar das especificidades do caso de Annie, outros problemas cognitivos podem ser causados pela Covid-19, o que implica que outras pessoas podem ter questões seletivas e déficits no pós-infecção.
O estudo também foi publicado na Cortex.
Imagem: Fusion Medical Animation/Unsplash
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