Neste sábado (25) a Fórmula E, que podemos chamar de versão elétrica da Fórmula 1, chega pela primeira vez ao Brasil e muitos detalhes importantes estão relacionados com o carro. Nesta temos duas tecnologias (que podem ser entendidas como uma só) que podem aparecer nos próximos carros elétricos de rua.

A principal parte que envolve um carro elétrico está na bateria, já que é ela a responsável por entregar a propulsão. Em um veículo tradicional, é comum encontrar pacotes com cerca de 60 kWh de carga (como no Bolt da Chevrolet, que testamos no ano passado), mas em um carro da Fórmula E temos 51 kWh.

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Em um veículo tradicional de rua, esta quantidade de energia seria capaz de entregar perto de 300 km de autonomia, mas na Fórmula E o número de voltas está presente novamente (antes a corrida tinha um tempo limite, sem número de voltas) e a bateria do carro de corrida dura o percurso todo, que tem 2,96 quilômetros de extensão e faz essa quantia toda repetida por 31 voltas.

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São Paulo ePrix de Fórmula E (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)
São Paulo ePrix de Fórmula E (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

Recuperação de energia poderá ser maior

Multiplicando o número de voltas pelo tamanho do percurso, temos 91,76 quilômetros. Mesmo com teoricamente três vezes menos autonomia, o piloto não pode passar a prova inteira com pé no acelerador. A “pane seca” destes carros não é tão rara, pois não existe recarga de eletricidade nos moldes do reabastecimento de outras competições – como na Fórmula 1.

Para lidar com a situação, os atuais carros da Fórmula E utilizam dois motores, sendo o traseiro para a propulsão e o dianteiro trabalhando exclusivamente na regeneração de eletricidade. Esta dedicação para recuperar energia é mais de duas vezes mais eficiente do que a propulsão.

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Em números, são 600 kW de energia sendo regenerados pelo freio motor dianteiro, contra 350 kW utilizados pela traseira para propulsão. Com essa conta, cerca de 40% da energia utilizada em toda a corrida vem deste trabalho de recuperação de carga sem um carregador plugado.

Carro da Jaguar para Fórmula E (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)
Carro da Jaguar para Fórmula E (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

Com uma recuperação tão acentuada, não existe mais uso para os freios traseiros. Eles estão lá, mas agora são exclusivamente pensados para emergência. Foram alterados de certa forma, ao ponto de quando o carro utiliza nesta situação, os mecânicos precisam estudar o veículo para encontrar possíveis danos – dada a força da desaceleração neste momento.

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Segundo James Barclay, diretor responsável pela equipe da Jaguar, remover o uso dos freios traseiros permitiu diminuir a quantidade de componentes e no resultado temos menos peso no carro, enquanto o custo dele também foi reduzido. Para os pilotos, o novo sistema de freios é ainda mais agressivo e permite melhorias consideráveis no desempenho geral.

Barclay não comentou diretamente, mas a pista de prova da Fórmula E também é um laboratório de testes para ferramentas e ideias que podem chegar aos carros de rua. Com isso, é possível que veículos tradicionais aumentem a regeneração de energia e, com isso, utilizem cada vez menos os freios.

Fórmula E vai melhorar autonomia do seu carro

A ideia não é de remoção do componente, mas o aumento de sua longevidade e isso esbarra tanto em redução de custos, como menor consumo de materiais para sua fabricação. Voltando para as competições, temos exemplos do que saiu das pistas e foi para carros comuns, como o câmbio borboleta no volante, pneus mais aderentes na chuva e até o retrovisor que nasceu em 1911 durante as 500 Milhas de Indianápolis.

Então, pense que nos próximos anos os veículos elétricos, que já podem ter o “modo de um pedal” ao utilizar o motor como freio, aposentem as pastilhas de freio de vez ou reservem elas apenas para evitar um acidente. O motivador desta novidade também é capaz de aumentar a autonomia da bateria, sem que ela aumente de tamanho ou de densidade.

O meio ambiente agradece.

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