Nesta semana, o caso da cidade de Buriticupu, no Maranhão, ganhou destaque após ser revelado que o município está sofrendo com o processo geológico conhecido como voçoroca e pode, até mesmo, sumir do mapa. A situação por lá já é antiga e, segundo registros, a degradação do solo na região está acontecendo há, pelo menos, 30 anos. Mas o que exatamente é a voçoroca e como esse tipo de erosão pode ser evitada?

Para entender isso, o Olhar Digital conversou com o professor José Guilherme Franchi, do curso de ciências ambientais da Unifesp de Diadema. De acordo com o especialista, o fenômeno tem causas naturais e o melhor remédio contra ele é evitar construir em áreas suscetíveis. 

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O que é a Voçoroca?

  • Voçoroca é consequência de uma erosão que atinge o lençol freático, fazendo com que a água subterrânea seja liberada e circule livremente, sem obstáculos
  • A água então causa uma degradação ainda maior no solo, abrindo buracos e acelerando a erosão de forma intensa
  • O processo tem causas naturais, mas ações do homem, como urbanização sem planejamento, podem acelerar o desgaste
  • As fortes chuvas nas últimas semanas no Maranhão intensificaram o fenômeno em Buriticupu

A voçoroca representa uma feição de erosão, que é um fenômeno que, antes de mais nada, ocorre naturalmente, mas há casos onde pode ter a origem induzida pelo homem.

José Guilherme Franchi

Quando questionado se essa erosão pode fazer uma cidade “sumir do mapa”, como no caso de Buriticupu, o professor explica que não é bem assim. O processo, no geral, ocorre de forma gradual, mas dependendo das condições locais (como relevo, tipo de solo, pluviosidade) e o nível do estrago, pode levar uma cidade à ruínas.

O processo pode ser revertido?

O professor explica que existem estudos e projetos para tentar reverter quadros de voçorocamento, mas não são muito eficientes e, no geral, os resultados são um pouco decepcionantes. Por isso, a melhor forma é evitar que o problema ocorra, e existem algumas coisas que podem ajudar nisso. 

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A principal, segundo José é “não permitir que o fluxo de água afete o solo, não pode deixar a água escoar livremente, ou de forma concentrada em determinados locais, se o solo for suscetível fatalmente você vai causar erosão que pode levar a esse estado”.

Voçorocas ameaçam município de Buriticupu, que pode desaparecer (Imagem: Reprodução/Instagram/Marinho Air Drones)

Para isso tudo, o melhor remédio é o planejamento urbano. O estudo da área onde vai ser feito um assentamento é fundamental para evitar construir em uma região suscetível a esse tipo de evento. “Há diversos procedimentos que têm que ser obedecidos quando se promove atividade humana em algumas regiões”, explica.

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O fenômeno, apesar de incomum, já foi registrado em diversas zonas rurais do Brasil, mas normalmente em áreas mais isoladas. O que chama a atenção no caso do Maranhão é o evento ocorrer no meio de uma cidade. 

Situação de Buriticupu 

No último domingo (26), o prefeito de Buriticupu, João Carlos Teixeira, decretou estado de calamidade pública no município após fortes chuvas ocorridas recentemente.

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A Defesa Civil Nacional e o Corpo de Bombeiros local avaliaram as áreas de risco na região e chegaram à conclusão de que cerca de 220 famílias precisarão ser realocadas – elas moram próximas às fendas.

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As instituições mapearam as áreas de risco de Buriticupu para elaborar estudos técnicos sobre as voçorocas. De sua parte, a prefeitura prometeu evacuar as famílias ameaçadas pelo fenômeno geológico.

Além de Buriticupu, outros 50 municípios maranhenses declararam estado de emergência por conta das chuvas que atingem a região.

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