Grandes tanques cheios de algas verdes, apelidados de “árvores líquidas”, estão sendo promovidos como uma possível solução para os problemas de poluição do ar nas grandes cidades.

Embora essas estruturas já existam desde 2021, postagens no Twitter compartilhando fotos e vídeos dos tanques de algas se tornaram virais há alguns dias. “Cientistas criam árvores líquidas; um tanque cheio de água e microalgas que poderia ser uma alternativa às árvores em áreas urbanas”, diz a legenda de um post publicado na última quarta-feira (29) por um perfil que se descreve especializado em “coisas que você nunca soube que existiam”.

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Batizadas de LIQUID 3, as “árvores líquidas” foram desenvolvidas por cientistas da Universidade de Belgrado, na Sérvia. Esses tanques foram considerados o primeiro fotobiorreator urbano no país, projetado para remover dióxido de carbono (CO2) do ar da capital.

De acordo com o site NewsWeek, o tanque de 600 litros é preenchido com microalgas, que usam a fotossíntese para converter CO2 em oxigênio no mesmo processo feito pelas árvores e outras plantas, ao absorver energia da luz solar usando clorofila.

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“As microalgas substituem duas árvores de 10 anos ou 200 metros quadrados de gramado”, disse Ivan Spasojevic, um dos cientistas que trabalham no projeto do Instituto de Pesquisa Multidisciplinar da Universidade de Belgrado, em um comunicado do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento em 2021. “O sistema é o mesmo porque tanto as árvores quanto a grama realizam a fotossíntese e se ligam ao dióxido de carbono”.

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Segundo os desenvolvedores do projeto, as algas também são mais eficientes do que as árvores na remoção de CO2 da atmosfera, agindo entre 10 a 50 vezes mais rápido. Uma espécie chamada Chlorella vulgaris é até 400 vezes mais eficaz na absorção de CO2 do que as árvores, de acordo com a empresa de biotecnologia Hypergiant Industries.

Substituição às árvores?

Spasojevic disse que os tanques nunca substituiriam as árvores, mas seriam um suplemento eficiente em termos de espaço para cidades com qualidade do ar particularmente ruim, como é o caso de Belgrado. A capital é a quarta cidade mais poluída da Sérvia, em razão de duas grandes usinas de carvão existentes nas proximidades. 

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De acordo com um estudo da GAHP (sigla em inglês para Aliança Global sobre Saúde e Poluição), o país teve o maior nível de mortes relacionadas à poluição da Europa em 2019. “Nosso objetivo não é substituir as florestas, mas usar esse sistema para preencher os bolsões urbanos onde não há espaço para o plantio de árvores”, disse Spasojevic.

Além disso, em algumas cidades, a poluição do ar é tão ruim que as árvores realmente lutam para crescer, enquanto as algas tendem a ser mais resilientes. “Em certas condições de alta poluição, as árvores não podem sobreviver, enquanto as algas não se importam com essa poluição”, disse o cientista.

De acordo com o comunicado, mais de 59% dos sérvios vivem em áreas urbanas, com altas concentrações de pessoas, edifícios e veículos. Com pouco espaço para plantar árvores naturais, essas “árvores líquidas” fornecem uma maneira eficiente de lidar com a poluição.

https://twitter.com/vdelailovu/status/1640246916012462080

Para ONU, “árvores líquidas” são inovadoras e climaticamente inteligentes 

Nos tanques, são usadas algas unicelulares de água doce que são resilientes às condições oferecidas em uma cidade, sendo capazes de crescer em água da torneira e enfrentar altas e baixas temperaturas. 

Essas estruturas não exigem muita manutenção, com as algas extras criadas pela crescente proliferação só precisando ser removidas a cada 45 dias, seguidas pela adição de água doce e minerais. O excesso de algas também pode ser usado como fertilizante, no tratamento de águas residuais ou para a produção de biocombustíveis.

As “árvores líquidas” também são multifuncionais, oferecendo um espaço para sentar, iluminação movida a energia solar à noite e uma fonte para recarregar celulares.

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento selecionou o LIQUID 3 como uma das 11 melhores soluções inovadoras e climaticamente inteligentes dentro de seu projeto Desenvolvimento Urbano Inteligente Climático.

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