Asteroide próximo a Terra pode ser um pedaço da Lua

O asteroide é um quase-satélite que pode ter se originado a partir da colisão de algum meteorito com a Lua
Por Mateus Dias, editado por Lucas Soares 04/05/2023 17h19, atualizada em 05/05/2023 21h09
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A Lua é o maior objeto orbitando em torno da Terra, mas além dela existe um pequeno número de asteroides que estão fazendo o mesmo (pelo menos temporariamente) ,o que faz eles serem chamados de quase-satélites.

Um desses objetos é o Kamo’oalewa, um asteroide próximo à Terra descoberto em 2016 e que pode ser um pedaço da própria Lua. Umas das principais semelhanças é o brilho parecido ao do nosso satélite devido a presença de silicatos, mas além disso ele também é o mais próximo e estável.

Para analisar essa hipótese o estudo que está disponível no arXiv avaliou a órbita do asteroide e traçou possíveis possibilidades para sua formação.

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Órbitas não heliocêntricas

No sistema solar existem objetos que não seguem uma órbita heliocêntrica, podendo compartilhar órbitas com planetas que são mais massivos. Existem três tipos principais de corpo com órbitas compartilhadas, os troianos, satélites/quase-satélites retrógrados e ferraduras.

A Terra possui atualmente 21 objetos coorbitais: 2 troianos, 13 que estão em movimento ferraduras e 6 quase-satélites, um deles o Kamo’oalewa. No entanto, esse asteroide é diferente dos outros 5, devido ao tempo que ele persiste nessa órbita.

Demonstração de uma orbita ferradura (Horseshoe) e uma quase-satélite em relação a Terra (em azul). (Credito: Castro-Cisneros et al., Arxiv, 2023)

Os objetos orbitais da Terra geralmente ficam nesse estado por pouco tempo, no máximo algumas décadas. Mas o Kamo’oalewa está nesse estado a séculos, alternando entre o movimento quasi-satélite e o ferradura, e ainda vai continuar por séculos.

Considerando sua órbita semelhante à da Terra e sua semelhança física com os materiais da superfície lunar, exploramos a hipótese de que ele pode ter se originado como um fragmento de detritos de um impacto de meteorito com a superfície lunar

Trecho da Pesquisa

Colisão com asteroides

Para testar a possibilidade, os pesquisadores usaram computadores para simular a colisão de algum asteroide com a Lua e os detritos que esse evento poderia gerar. Na maioria das simulações as partículas deixam a influência gravitacional da Terra e passam a orbitar o Sol.

No entanto, um pequeno número de corpos não entram em órbitas heliocêntricas, e assumem trajetórias semelhantes ao Kamo’oalewa. A características comum entre os objetos da simulação é que eles têm uma velocidade de lançamento no espaço ligeiramente superior à velocidade de escape da Lua, que é 2,4 quilômetros por segundo.

Confirmar se o asteroide é realmente um pedaço da Lua seria uma grande descoberta e poderia abrir algumas possibilidades intrigantes sobre o passado lunar. Algumas missões como a New Moon Explorer, da NASA e a Tianwen-2, da China, que vai ser lançada em 2025, pretendem visitar o quase-satélite, e as amostras coletadas por elas podem revelar a origem do Kamo’oalewa.

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Redator(a)

Mateus Dias é estudante de jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é redator de Ciência e Espaço do Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.