O Web Summit, definitivamente, estreou com o pé direito no Rio de Janeiro. O maior evento de tecnologia e inovação do mundo foi realizado pela primeira vez fora da Europa. A feira começou na segunda-feira (1) e foi encerrado nesta quinta (04).

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O palco do encontro foi o Riocentro, na zona oeste da capital fluminense. Mais de 20 mil pessoas compareceram, entre visitantes, CEOs, investidores, autoridades e imprensa. Em foco, estavam temas como inteligência artificial, ciência de dados, educação, comércio eletrônico, futuro do trabalho, mudanças climáticas e meios de comunicação.

Web Summit Rio
Painel do Web Summit Rio 2023 (Imagem: Fabrício Boechat)

Para quem tem pressa

  • A Inteligência Artificial foi o assunto do momento no Web Summit Rio.
  • Além de soluções práticas com a IA, como a demonstração de tecnologias em ação, executivos da área debateram o futuro. Enquanto alguns demonstraram uma visão mais otimista, outros questionaram o uso crescente do ChatGPT e ferramentas similares.
  • A plataforma OnlyFans anunciou investimentos focados na América Latina.
  • O Airbnb também apresentou novidades e trouxe dados do mercado online para estadias em imóveis.
  • Compareceram representantes de big techs, como Google e Amazon, e de empresas brasileiras, como Embraer, Magazine Luiza e Banco do Brasil.

O Web Summit escolheu o Rio de Janeiro como sede do evento para mais seis anos. A promessa é de movimentar R$ 1,2 bilhão na economia carioca até 2028. O Olhar Digital acompanhou tudo de perto e selecionou alguns destaques para você.

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Inteligência Artificial

Para a surpresa de absolutamente ninguém, o grande assunto do momento no mundo da tecnologia dominou o Web Summit Rio. Uma apresentação que chamou muito a atenção foi a de Thomas Dohmke, presidente-executivo do GihHub, plataforma de compartilhamento de códigos-fonte. Em 15 minutos, ele criou uma versão funcional do saudoso “jogo da cobrinha”.

Isso foi possível graças ao Copilot, uma ferramenta da empresa que complementa códigos iniciados por programadores. A IA do robô tenta simular o pensamento. Mas, calma: ela não precisa ler mentes. É realizado um treinamento a partir de milhões de códigos e textos de usuários do GitHub. Soa familiar? É porque o método é igual do ChatGPT — inclusive, o Copilot é abastecido com o poderoso GPT-4.

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Github, CEO
Thomas Dohmke, presidente-executivo do GitHub, durante o Web Summit Rio

Saindo da parte prática da IA, também tivemos debates mais “filosóficos”. Onde estamos? Para onde vamos? Daniela Braga, CEO e fundadora da Defined.ai, uma empresa portuguesa de treinamentos de dados para inteligência artificial, trouxe uma visão positiva. Segundo ela, as IAs estarão, logo mais, na vida de todos nós.

A inteligência artificial (IA) é a próxima revolução industrial, a indústria 5.0, como alguns dizem, porque abrange todos os setores em todos os mercados (…) Será, nos próximos anos, o que a internet é hoje para nós.

Mas, nem todo mundo tem uma visão otimista. Para Meredith Whittaker, presidente da Signal Foundation, o chatbot fala com confiança sobre temas que não sabe nem do que se trata. Portanto, não deveríamos levá-lo tão a sério ao fazer pesquisas online.

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A afirmação de Whittaker, executiva à frente do aplicativo de mensagens que cresceu como alternativa ao WhatsApp, veio durante seu painel “Por que precisamos frear o desenvolvimento da IA”.

Ela comparou o ChatGPT a um “tio que aparece nos feriados, bebe álcool e fala com confiança sobre temas que ele não sabe do que se trata”. Whittaker afirmou que, assim como o familiar, o chatbot pode ser engraçado e útil em contextos de lazer, mas que não devemos confiar nele completamente.

Não devemos transformar o chatbot em ferramenta de pesquisa que as pessoas utilizam para se informarem sobre fatos. Por que estamos usando uma besteira como o ChatGPT para coisas sérias?

Meredith Whittaker, presidente da Signal Foundation
Meredith Whittaker, presidente da Signal Foundation, durante o Web Summit Rio

Houve, também, quem minimizou um pouco o peso das IAs. Cassie Kozykrov, cientista de dados do Google, argumentou que a tecnologia está caindo nas graças o público por causa da estratégia pensada de experiência do usuário. Hoje, podemos usar essas ferramentas para resolver questões individuais. Segundo ela, a inteligência artificial está por toda parte, mas nem todos percebem.

Os primeiros artigos sobre sistemas como o ChatGPT foram publicados há seis anos pelo Google. Cientistas e pesquisadores já estudavam o tema. Agora, o público se encantou. Se você se encantou com o tema há seis anos, você se encantou pela IA. Se você se encantou com o tema agora, você se encantou com o UX Design (experiência do usuário).

A inteligência artificial, como um meio de extrair ideias da máquina, já existe há um bom tempo. E mesmo o que chamamos de IA generativa hoje já estava sendo desenvolvido há anos, em modelos de linguagem criados pelos engenheiros de software.

Então quem está animado falando em revolução deve saber que não foi a tecnologia que mudou, e sim o design do produto.

Bom, de qualquer forma, o Google não vai muito bem com seu rival do ChatGPT, o Bard.

Redes sociais

Durante sua apresentação no Web Summit Rio nesta quarta-feira (3), a presidente executiva do OnlyFans, Amrapali Gan, afirmou que a América Latina é a principal região de crescimento para a rede social de conteúdo adulto.

Segundo ela, o OnlyFans é uma plataforma inclusiva e segura para influenciadores com mais de 18 anos. A América Latina faz parte do momento animador pelo qual a empresa está passando e é vista como uma região de grande potencial de crescimento nos próximos anos.

A América Latina é uma grande região e muito importante para o nosso crescimento nos próximos anos. É um momento animador para a empresa, e a América Latina faz parte desse momento. Na plataforma não há anúncios, são apenas os criadores e seus fãs.

Amrapali Gan

Fizemos uma reportagem completa sobre o assunto e você pode acessar clicando aqui.

O Airbnb, por sua vez, aproveitou o evento para voltar às origens. O site de hospedagem anunciou o “Airbnb Quartos”, plataforma focada em quartos privados mais acessíveis em residências compartilhadas com os anfitriões. Também foram divulgados 50 novos recursos.

Durante a apresentação no palco do Web Summit Rio, Catherine Powell, chefe global de hospedagem da empresa, revelou que os hóspedes da plataforma movimentaram, no ano passado, US$5.2 bilhões (R$ 26 bilhões na cotação atual).

Fizemos uma reportagem detalhada sobre as novidades.

Brasil

A Eve Air Mobility, empresa da Embraer, esteve presente no Web Summit Rio. A companhia compartilhou visões sobre futuro da Mobilidade Aérea Urbana. Os participantes puderam conhecer mais sobre o eVTOL (Electric Vertical Take-off and Landing Vehicle, em inglês) da Eve por meio de conteúdos demonstrados no espaço da Embraer no evento.

Embraer
A Embraer marcou presença no Web Summit Rio (Imagem: Fabrício Boechat)

A cultura do empreendedorismo também foi um ponto-chave do evento. A jornalista Maria Prata mediou um debate com Gabriel Braga, da plataforma Quinto Andar, Luiza Trajano, da Magalu, e Roberto Marinho Neto, da Globo Ventures, sobre o impacto da pandemia nos negócios e a diversidade.

Para Braga, foi fundamental entender o mercado para tomar as decisões certas em um cenário adverso como a pandemia:

Estávamos muito atentos a isso e tentando interpretar o risco que estávamos correndo e como reagir a isso. Por isso, tivemos que ser pragmáticos.

Luiza Trajano destacou a importância da diversidade para os negócios:

O que nós temos que entender é o que mercado mudou. O CEO que não entender que tem que colocar mais mulheres e mais negros não vai sobreviver, porque é o consumidor que está pedindo.

O consumidor final está pedindo que tenhamos mais mulheres. Esses dias me ligaram para avisar que a cada 10 diretores, seis querem mulheres. Eu nunca achei que fosse escutar isso ainda viva. Nada contra os homens, mas o mundo mudou.

O youtuber Kondzilla também trouxe uma abordagem social. Ele reforçou a importância de que jovens tenham em mente que a educação foi fundamental na formação de nomes de sucesso da tecnologia. Ele é produtor de conteúdo e dono de uma das maiores marcas da internet nacional.

A gente precisa levar talentos para a molecada de favela, incentivar a estudar tecnologia e pegar quem já estudou tecnologia.

A primeira coisa é identificar o que a gente é case, quem são as pessoas que estão desenvolvendo essas ferramentas, que são referência para todo mundo e dar protagonismo para essa galera. Precisamos dar visibilidade, mostrar como a educação foi importante para transformar a vida delas.

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