Em novembro do ano passado, o naufrágio mais antigo de que se tem conhecimento na Noruega foi descoberto no fundo do maior lago do país, chamado Mjøsa (pronuncia-se “Miossá”). Um vídeo divulgado na última sexta-feira (5) traz novas informações sobre o ocorrido.

Segundo pesquisadores da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia (NTNU, sigla em norueguês), o navio data entre 1300 e 1850 (podendo ser ainda mais antigo) e foi localizado com o auxílio de um robô subaquático controlado remotamente (ROV) chamado Hugin. Isso porque os destroços estão a 400 m de profundidade, no meio do lago, onde é impossível mergulhar.

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O vídeo acima foi apresentado na Semana do Oceano da NTNU, que aconteceu na unidade localizada na cidade de Gjøvik, que fica a 170 km da capital Oslo.

Øyvind Ødegård, arqueólogo marítimo da NTNU, revelou ao site Forskning.no que, para obter o registro, a equipe precisou contar com a sorte. Era necessário que o barco ficasse completamente parado enquanto o ROV se movia nas profundezas, além do clima favorável.

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A descida levou cerca de 30 minutos, por isso, segundo Ødegård, o equipamento tinha apenas 6% de bateria quando chegou lá embaixo. “Quando chegamos lá, houve uma busca frenética no fundo do lago, dado o tempo escasso. Conseguimos pegar alguns segundos do naufrágio”, contou o pesquisador. “No vídeo, vemos o fundo do lago descoberto, uma nuvem de areia e, em seguida, alguns dos destroços aparecem”.

Navio encontrado na Noruega tem design viking

Com design semelhante ao das embarcações vikings clássicas ou ligeiramente maiores, o barco naufragado tem 10 metros de comprimento e 2,5 metros de largura. 

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Com as novas imagens, a equipe pôde entender melhor os dados coletados pelo Hugin em 2022. “Fizemos algumas interpretações com base no que vimos nas imagens do sonar de alta resolução. Entre outras coisas, pela sobreposição das duas imagens, podemos dizer que se trata de uma embarcação construída em Clinker Built”, explica.

Traduzido livremente como “casco trincado”, esse é um método tipicamente nórdico de construção de barcos que se estendeu da Idade do Ferro até o século 20, em que as bordas das pranchas do casco se sobrepõem. Em navios maiores, pranchas mais curtas podem ser unidas de ponta a ponta em uma barra mais longa do casco. 

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Uma coisa que chamou a atenção dos pesquisadores foram as hastes. Uma é mais vertical, podendo ser um remo, acessório incomum na Noruega antes do século 14. Portanto, a equipe especula que o navio foi construído depois dessa época.

“Um remo de direção é um leme com dobradiças no final de um barco, como em um barco moderno. Em navios vikings, você tinha um leme lateral. É por isso que é chamado de estibordo do lado direito”, explicou Ødegård.

O vídeo inédito não mostra o leme. Outro acessório não encontrado são as forquetas, os suportes para colocar os remos no barco. Isso indica, segundo Ødegård, que a embarcação poderia ser automotora.

Esse trabalho de pesquisa faz parte do programa Oppdrag Mjøsa (Missão Mjøsa), que tem como objetivo criar um modelo 3D completo do terreno em Mjøsa, mapear locais de patrimônio cultural, identificar objetos perigosos que foram despejados e desenvolver métodos para gerenciar lagos.

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