Bolhas gigantes ao redor da galáxia são diferentes do que pensávamos

As bolhas na galáxia não são brilhantes devido ao calor como se pensava, mas por um motivo diferente e bem inusitado
Por Mateus Dias, editado por Lucas Soares 15/05/2023 20h30, atualizada em 16/05/2023 21h04
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No centro galáctico, acima e abaixo do plano da Via Láctea, um par de bolhas de gás enormes se estendem por milhares de anos-luz formando uma imagem parecida com a de uma ampulheta brilhante em ondas de raio-X. Agora, uma nova descoberta aponta que elas são muito mais complexas do que se pensava.

Esses lóbulos são conhecidos como eROSITAS, em homenagem ao telescópio que as descobriu em 2020, e se estendem por mais de 45 mil anos-luz de cada um dos lados da galáxia. Até então pensava-se que o gás em seu interior possuía uma temperatura uniforme, mesmo que alta, causada pelo choque de passagem pelo meio galáctico.

No entanto, dados do satélite Suzaku, da Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (JAXA) apontam que, na verdade, as emissões de raios-X da eROSITAS, ao invés de serem causadas pelas altas temperaturas, foram causadas pelo fato de o gás ser mais denso que o meio intergaláctico.

Nosso objetivo era realmente aprender mais sobre o meio circungaláctico, um lugar muito importante para entender como nossa galáxia se formou e evoluiu. Muitas das regiões que estávamos estudando estavam na região das bolhas, então queríamos ver o quão diferentes as bolhas são quando comparadas às regiões que estão longe da bolha.

Anjali Gupta, astrônomo em resposta a Science Alert

A descoberta foi feita a partir de cerca de 230 observações de raios-X feitas das bolhas e do meio circundante usando um método que permite descrever adequadamente a propagação da temperatura.

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Como as bolhas se formaram na galáxia

Além disso, as observações também sugerem alternativas para o surgimento das eROSITAS. As leituras de proporções não solares oxigênio-néon e oxigênio-magnésio na casca das bolhas apontam que elas pdem ter se formado de estrelas nucleares ou pela injeção de energia de outros objetos.

Essas hipóteses são mais plausíveis que a anterior, que acreditava que as bolhas se originaram a partir ejeções de jatos de energia feitas pelo Sagitário A*, burca-negro central, há milhões de anos atrás.

As eROSITAS podem estar conectadas a outras bolhas menores também no mesmo local, as Fermi, descobertas em 2010 a partir de observações raio gama, o que sugere que talvez elas tenham a mesma origem.

No futuro, os pesquisadores querem coletar mais dados sobre as bolhas para entender como as galáxias e as estrelas que a compõem se unem.

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Redator(a)

Mateus Dias é estudante de jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é redator de Ciência e Espaço do Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.