Testes com armas nucleares na superfície de ilhas Polinésia Francesa aconteceram entre 1966 e 1974, o que aumentou a taxa de radiação não só nos locais onde elas eram testadas, como nos arredores. Isso pode ter feito com o que os moradores da região tenham taxas mais altas de câncer de tireoide que o normal.

Durante e depois da Segunda Guerra Mundial tantas armas nucleares foram explodidas na atmosfera que a radiação é usada para marcar o início da era geológica da Terra caracterizada pelo impacto humano, o Antropoceno. Essa radioatividade se espalhou pela atmosfera do mundo todo, mas ela é tão baixa que é quase inofensiva. No entanto, para pessoas próximas à explosão, como em Hiroshima e Nagasaki, as coisas são diferentes.

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No caso dos moradores da Polinésia Francesa, eles não foram diretamente atacados com armamento nucleares, mas alguns deles se encontram a apenas 100 quilômetros de onde a França realizou testes em ilhas não habitadas, o que pode ter aumentando a presença do isotopo radioativo iodo-131 no corpo dos polinésios.

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Isso porque o iodo-131 é um dos mais abundantes em armas nucleares, e mesmo com sua meia-vida de apenas 8 dias, boa parte dele dura tempo o suficiente para ser espalhado pelos ventos na atmosfera, mas decai com rapidez suficiente para liberar altos níveis de radiação.

Quando chega aos humanos, o corpo não diferencia os isotopos do iodo, e os concentra todos na tireoide, sejam radioativos ou não. A presença do iodo-131 na glândula acaba por danificar as células e aumentar as taxas de câncer.

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Por causa disso, um estudo recententemente publicado na JAMA Network Open analisou a exposição a radiação de 395 pacientes com câncer de tireoide, com base em quanto tempo eles foram expostos e quão próximos estão aos locais de testes, e os compararam com controles saudáveis do mesmo sexo e com idade mais semelhante possível.

  • A estimativa é na Polissemia Francesa atualmente existiram 1524 casos de câncer de tireoide se os testes não tivesse sido realizados próximos, com eles esse número subiu para 1553;
  • Cerca de 0,6% a 7,7% dos casos graves de câncer de tireoide na região, quando é necessário cirurgias, são causadas pela radiação emitidas pelas armas nucleares;
  • Quando casos não invasivos são adicionados, a radioatividade não é estatisticamente significativa.

Colonização da Polinésia Francesa e câncer de tireoide

No entanto, a radiação pode não ser a única razão dos casos de câncer, que está envolvido com a colonização francesa das ilhas. Alguns estudos anteriores já haviam discutido que a alimentação tradicional dos polinésios nativos pode ser uma ótima proteção contra o câncer na tireoide, mas a mudança na dieta pode estar causando deficiência de iodo não radioativo.

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Seja qual for o motivo, os resultados da pesquisa podem ser interpretados de forma que os casos de câncer de tireoide causados pela radiação dos testes de arma nucleares é tão baixo que não é necessário se preocupar, bem como que qualquer risco que eles tenham causado a população mostre que o governo não está disposto a tratar igualmente os franceses continentais e os moradores da Polinésia Francesa.

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