Recentemente, o ChatGPT-4 ganhou uma nova habilidade: navegar na internet. A função chamada de browsing – que por enquanto está disponível apenas para assinantes do Plus – já é uma grande atualização no modelo de linguagem. Afinal, até agora, a ferramenta só respondia sobre assuntos ocorridos até setembro de 2021.

Nesta matéria, o Olhar Digital vai te explicar em mais detalhes o que é o modo de navegação e como usá-lo. Além disso, você vai descobrir o que ele faz e não faz, entre outras questões importantes.

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O que é o modo browsing?

Como o ChatGPT acessa à internet
Imagem: 13_Phunkod / Shutterstock

Como o nome sugere, o browsing é o modo de navegação na internet do ChatGPT. Na prática, isso significa que o modelo de linguagem consegue interagir com a web para procurar informações atualizadas.

Ou seja, apesar de ele ter sido treinado até setembro de 2021, com essa nova ferramenta, a interface é capaz de conversar também sobre eventos recentes.

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O que ele faz e não faz?

Agora que você sabe o que é o modo browsing, vamos explicar o que o ChatGPT consegue fazer na internet. De modo bem similar a um humano, a IA consegue:

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  • Incluir um termo de busca e especificar um intervalo de tempo;
  • Clicar em resultados;
  • Dar scroll na página;
  • Citar partes do texto na página;
  • Voltar para a página anterior;
  • Abrir uma URL específica, que pode ser fornecida pelo usuário ou inserida pela própria IA quando ela já sabe qual página acessar.
Como o ChatGPT navega na web
Imagem: CHUAN CHUAN / Shutterstock

Igualmente importante é saber o que ele não faz:

  • Não interage com a internet em tempo real. Ou seja, ele não está conectado à internet o tempo inteiro, nem reage a eventos à medida que eles ocorrem;
  • Não interage com páginas que exijam informações de login ou que tenham autenticação (por exemplo, CAPTCHAs);
  • Não acessa “toda” a internet. Isto é, acessa uma quantidade de informações menor do que a de um mecanismo de busca em grande escala;
  • Não interage com páginas de maneira dinâmica, como clicar em botões que alteram o estado de uma página ou preencher formulários com informações do usuário.

O ChatGPT usa o Google?

Google
Imagem: Rawpixel.com / Shutterstock

Não, o ChaGPT-4 não usa o Google ou o Bing como nós. Ele tem uma versão personalizada de um navegador para acessar informações disponíveis na internet.

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Além disso, de forma semelhante a outros buscadores, o ChatGPT tem um algoritmo de ranqueamento para classificar os resultados e retornar os mais relevantes para gerar a resposta dele para o usuário.

Como a IA não interage em tempo real com os sites, ela não tem a capacidade de acessar ou recuperar informações que foram publicadas (ou atualizadas) após uma data de corte especificada. Ou seja, o banco de dados dela é mais estático do que aquele usado pelo Google ou similares.

Como usar o modo browsing

É bem simples usar o modo browsing. O único requisito para acessá-lo é ser assinante Plus.

  1. Acesse o site do ChatGPT e selecione a aba “GPT-4” (1). Depois, escolha o modo “browsing” (2).

    ChatGPT-4 browsing - Passo 1

  2. Faça sua pergunta normalmente. Se a informação for recente, a IA irá acessar a internet para te responder.

    ChatGPT-4 browsing - Passo 2

  3. Para saber detalhes, clique na seta ao lado do campo de busca para expandi-lo.

    Já para ver a fonte, clique no número ao lado da frase, parecido com a referência usada em verbetes da Wikipédia. ChatGPT-4 browsing - Passo 3

Como melhorar as respostas do modo browsing

A gente já preparou um conteúdo com dicas para fazer melhores perguntas no ChatGPT. Elas seguem funcionando para o modo browsing. Porém, aqui você deve usar especificadores temporais no seu input quando for pertinente.

Veja, quando perguntamos “Quando Rita Lee morreu?”, a IA buscou a informação automaticamente na internet. Porém, caso você faça uma pergunta genérica como “Quais são os maiores acidentes de avião?” ela poderá priorizar os dados do banco no qual ela foi treinada.

Quando possível, use marcadores de tempo no ChatGPT
Imagem: Olivier Le Moal / Shutterstock

Assim, para encontrar informações atuais, você pode incluir marcadores de tempo. Veja alguns exemplos:

  • Quais foram os maiores acidentes de avião nos últimos dois anos?
  • Procure as informações mais recentes sobre acidentes de avião.
  • O que se sabe sobre o acidente de avião que ocorreu hoje?
  • Qual é a previsão do tempo amanhã para São Paulo?

No entanto, se você procurar sobre um tópico recente (“Quando Rita Lee morreu?”) ou que muda constantemente (como previsão do tempo ou notícias), a ferramenta assume que você está procurando informações atualizadas e usará diretamente o navegador.

O modo browsing é seguro?

Com essa novidade, é importante saber até que ponto o ChatGPT é seguro. Por isso, veja quais medidas a OpenAI implementou para garantir a segurança e privacidade dos usuários. Mas, como nenhum sistema é 100% à prova de falhas, é importante que você não compartilhe informações sensíveis com a IA e seja cauteloso ao interagir com ele.

Restrições de dados

A IA vê apenas o conteúdo textual das páginas que acessa, não tendo acesso a informações sensíveis, como login, senha ou qualquer outro dado que possa identificar o usuário.

Sandbox

As operações de busca na internet são realizadas em um ambiente isolado e seguro, conhecido como “sandbox”. Isso significa que a ferramenta não tem acesso a outros sistemas ou redes durante a busca.

Navegação anônima

ChatGPT é seguro?
Imagem: Golden Dayz / Shutterstock

As solicitações são feitas para garantir que não haja qualquer informação identificável do usuário.

Criptografia

Os dados entre o ChatGPT e o serviço de busca na internet são criptografados para garantir que eles não possam ser interceptados ou alterados durante a transmissão.

Sem interações em tempo real

Isso limita a exposição a possíveis ameaças de segurança.

Sem armazenamento de dados

Cada conversa é independente e ele não tem capacidade de recordar ou acessar informações de interações anteriores.

Afinal, funciona?

Se compararmos com a versão GPT-3.5, o modo browsing é um grande avanço. Primeiro, porque ele consegue buscar informações recentes na internet. Segundo, porque ele dá as referências usadas – o que diminui a chance de ele inventar referências.

Mas, ainda tem muito chão pela frente até o browsing decolar. Isso porque é perceptível a demora no processo de fazer a busca, analisar os resultados e retornar com a resposta. Por exemplo, ao pesquisar “O que é a PEC da Anistia?”, ele acessou muitos links até encontrar fontes acessíveis.

Ele também teve dificuldade em encontrar algumas respostas. Na query “motivo de acidente de avião com Marília Mendonça”, ele enfrentou problemas técnicos e, por fim, não conseguiu acessar as informações.

ChatGPT problemas de técnicos
Imagem: ChatGPT / Reprodução

Em outro momento, ele foi simplesmente interrompido pela sua própria configuração. Como eu queria entender como ele juntava informações de diferentes fontes em um só texto pedi o seguinte:

“Eu quero que você execute os seguintes comandos na ordem:
1) Pesquise no modo browsing sobre o papel das mulheres na história da linguagem de programação Python, listando os principais nomes e dizendo resumidamente a contribuição dela.
2) Depois de fazer a etapa 1 e me dar a resposta, quero que você me indique de quantas páginas diferentes você coletou e armazenou informações para me dar a resposta.”

Em primeiro lugar, a resposta foi bem confusa, pois ele misturou nomes com dados anedóticos sobre a organização PyLadies:

Problema ChatGPT 2
Imagem: ChatGPT / Reprodução

Em segundo, o ChatGPT atingiu seu tempo máximo de navegação. De acordo com a explicação da própria ferramenta, “as sessões de navegação são projetadas para durar aproximadamente 5 minutos”.

Porém, esse tempo pode ser menor ou maior de acordo com alguns fatores, como a “complexidade da pesquisa, a velocidade dos sites que estão sendo acessados e a quantidade de informações que estão sendo coletadas e processadas”.

Em resumo, é uma ótima atualização e o modo “browsing” vai melhorar. Porém, até lá você vai precisar trabalhar sua paciência e definitivamente ainda é cedo para falarmos em substituirmos o Google.

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