Desde o processo de colonização do Brasil, mais de dois terços das línguas indígenas foram perdidas e muitas outras estão enfraquecidas. Para mudar esse cenário, uma iniciativa da USP (Universidade de São Paulo) vai empregar IA (Inteligência Artificial) para preservar e revitalizar esses idiomas.

O projeto

O projeto da USP é realizado em conjunto com o Centro de Inteligência Artificial (C4AI) e o IBM Research, e vai desenvolver ferramentas de IA para auxiliar na documentação, preservação, vitalização e uso das línguas indígenas no Brasil.

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É por meio da área de Processamento de Linguagem Neural (PLN) que a IA poderá ajudar. Ela auxiliará na construção de sistemas de conversão de fala para texto e vice-versa, tradução e expansão de vocabulário, melhoria de programas de coleta e análise linguística.

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Os primeiros protótipos devem estar prontos para serem testados no segundo semestre deste ano.

Frentes de atuação

  • Segundo o vice-diretor do C4AI e um dos líderes do projeto, Claudio Pinhanez, a iniciativa vai atuar em duas linhas;
  • A primeira é a de vitalizar, ou seja, aumentar o número de jovens que falam e escrevem o idioma;
  • A segunda é a de fortalecer as línguas indígenas que já se encontram em desaparecimento por meio da documentação;
  • Ele reforça a importância de trabalhar com as comunidades indígenas especialistas no assunto;
  • O trabalho do projeto é dividido em áreas de interesse, em que a IA é empregada de maneira específica para fortalecer os idiomas, que vai desde ferramentas de apoio linguístico (como dicionários digitais e análise fonética) até as redes sociais.

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Projeto está ativo na Terra Indígena Tenonde Porã (Fotomontagem: Jornal da USP – Imagens: Assessoria de Comunicação do C4AI)

Demandas

Segundo Pinhanez, hoje não há tradutores de línguas indígenas para o português brasileiro e, se jogar essa tradução no ChatGPT, ele inventa línguas.

Ainda de acordo com o vice-diretor, as demandas de fortalecimento dos idiomas partiram dos próprios povos indígenas, que estão crescendo sem repassar essa parte essencial de sua cultura.

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Ele também destacou que os indígenas estão gostando do que está sendo feito e as atividades são adaptadas para atender as necessidades dos povos.

Parceria

  • Atualmente, o projeto mantém parceria com escolas da Terra Indígena Tenonde Porã, no sul da cidade de São Paulo;
  • As crianças e jovens da comunidade falam fluentemente a língua guarani mbya, mas ainda têm dificuldade em aplicar a parte escrita;
  • Nesse sentido, a ferramenta está sendo usada de forma experimental, por meio de oficinas com os estudantes e professores do ensino médio para aplicá-la de forma conjunta;
  • Além de fortalecer as línguas indígenas, o projeto também pretende viabilizar a produção de conhecimento por parte dos povos. Estando em contato com essas tecnologias, eles podem aprender e ensinar informática, programação, IA e linguística, entre outras áreas de interesse.

Com informações de Jornal da USP

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