Por Arthur Costa, CTO da Elephant e Engenheiro de Software Sênior da Pythonic.AI. Há 8 anos, trabalha remotamente para empresas internacionais como Fine Tune, DataStax e CleverTech. 

Neste artigo, te contarei através da minha experiência, os principais passos que você deve seguir para conseguir um emprego no exterior, trabalhando de onde você quiser e recebendo em dólar. 

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Primeiro, antes de começar, preciso de contar uma realidade. Se antes da pandemia o profissional de TI já era adepto ao trabalho remoto, agora, passou a buscar ainda mais posições que permitam atuar à distância. Isso porque, com esse formato, é possível trabalhar para empresas do mundo todo.  

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Segundo uma pesquisa da consultoria Robert Half, as opções de trabalho remoto se tornaram um diferencial importante no recrutamento: 74% dos gerentes disseram que oferecem posições remotas e 86% disseram que esse modelo permitiu que contratassem bons candidatos. 

Portanto, com o crescimento acelerado da área de TI e com o alto número de vagas para profissionais qualificados, a possibilidade de encontrar uma vaga remota se tornou mais possível. Mesmo com todos os layoffs que têm sido sendo noticiados, ainda há muitas vagas diferenciadas disponíveis para contratação.

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Principalmente, se considerarmos que a conversão dos salários em dólar para brasileiros é muito atraente, tanto para a empresa contratante quanto para o contratado. Porém, o critério de avaliação está cada dia mais difícil. Tive sorte por ter tido esse insight há oito anos, quando comecei minha carreira internacional e, de lá para cá, entendi como conquistar posições melhores e com salários mais altos em empresas gringas.  

Dólar
Com a moeda americana valendo mais de R$ 5, um salário em dólar seria bem-vindo! Imagem: MaxZolotukhin/Shutterstock

Foco em resultados 

Vamos aos fatos: é notório que a cultura dos outros países é diferente da nossa. Para as empresas americanas, por exemplo, onde foquei minha carreira, vi que a cultura é muito focada em resultados. Notei nos processos seletivos que precisava me apresentar ressaltando os impactos que meu trabalho gerou.  

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Quer ver um exemplo? Nas entrevistas com empresas americanas que participei, ao invés de falar “responsável por desenvolvimento do produto x”, percebi que uma resposta mais efetiva seria “projetei uma solução de alta escalabilidade que permitiu diretores de escolas americanas analisarem dados de provas de mais de 3 milhões de estudantes”. Então, a primeira dica que te dou é: entenda que a cultura americana é focada nos resultados que você conquistou ou pode gerar, foque nesses pontos no seu currículo e nas entrevistas.  

Agora, se você ainda for júnior e não tem tanta experiência, crie um portfólio com todos os projetos e/ou desafios que já participou ou conseguiu solucionar, mesmo que sejam mínimos. É importante evidenciar tudo que você já realizou. Por isso, um grande diferencial na contratação é organizar o seu currículo, seja ele no LinkedIn ou em sites de recrutamento.  

O próprio LinkedIn fez um artigo de como encontrar vagas na rede social e organizar as suas informações profissionais na rede social. Confira aqui.  

Já que agora você entendeu como organizar seu currículo, um bom passo para te ajudar a entrar em empresas gringas é cadastrá-lo em empresas de recrutamento. O relacionamento com recrutadores é muito importante. Eles dão dicas de como negociar salário, de como se portar na entrevista, te indicam para empresas e divulgam vagas que podem ser de seu interesse.  

Exemplo de videoconferência
É fundamental se preparar para entrevistas e dinâmicas de grupo. Imagem: Andrey_Popov/Shutterstock

O que importa é a técnica  

  • Um outro ponto importante é que, para empresas americanas, a senioridade está mais focada na técnica e não no tempo de carreira. Claro que o tempo de experiência conta, mas muito menos do que vemos no recrutamento de empresas brasileiras.  
  • Aqui ainda se tem a ideia de que o salário é de acordo com o cargo ou hierarquia, ou seja, um gerente em uma empresa ganharia mais que um profissional mais técnico. Nas empresas estrangeiras, há uma divisão entre carreira técnica e carreira de gestão.  
  • Esse foi um dos motivos para buscar a carreira internacional. Lá, é possível ter mais liquidez financeira, sem necessariamente estar em um cargo alto. Você pode continuar na sua área técnica tendo salários melhores, sem ter que passar por um cargo de gestão.  
  • Já que lá tem a vantagem financeira do dólar, pode ser uma boa opção começar em um cargo baixo e construir a carreira a partir daí. Em alguns poucos anos é possível escalar para um cargo sênior a depender da empresa, da dificuldade do desafio e do momento profissional. Iniciar em uma empresa pequena ou média também pode ser uma opção mais fácil para começar essa carreira internacional. 

Prepare seu inglês técnico e estude para entrevistas 

Em todas as empresas que trabalhei, notei que os gringos se sentem super confortáveis com erros de inglês, porque uma parte deles não fala português ou outras línguas. Dito isso, vale ressaltar que é importante praticar ao máximo o inglês técnico que você terá que citar no dia a dia em reuniões e projetos. Assistir vídeos no YouTube de desenvolvedores americanos ou fazer aulas de inglês com um professor que já trabalhou ou trabalha com tecnologia pode te ajudar com essa questão.  

Para passar nas vagas é importante se preparar para a entrevista de acordo com quem vai te entrevistar. Se for o gerente ou profissional com perfil de gestão, tem que mostrar suas habilidades técnicas, mas também é essencial que ele entenda os seus conhecimentos sobre a gestão de projetos e o seu perfil team member. Se for um profissional técnico que irá te entrevistar, é mais interessante focar nos conhecimentos técnicos.  

Estude o perfil do entrevistador e simule entrevistas para se preparar para essas conversas. Além disso, não esqueça de anotar todas as perguntas que te fizeram para se preparar para as próximas entrevistas. Vale dizer também que em todas as vagas que participei, os entrevistadores sempre fizeram testes de código ao vivo comigo, chamados de live coding. Então, reforce esse ponto nos seus estudos também. As plataformas codesignal.com, leetcode.com e codepen challenges são bons lugares para se preparar.  

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