A indústria da aviação estabeleceu uma meta para descarbonizar os voos até 2050 e divulgou um roteiro para atingir esse objetivo por meio de inovações tecnológicas. O assunto esteve em discussão na última semana durante a Paris Air Show, considerada a maior feira de aviação do mundo.

O CEO da Airbus, Guillaume Faury, se mostrou entusiasmado com a missão: “Levará décadas para chegar lá, mas há um plano real”, disse. No entanto, ambientalistas, especialmente na Europa, acreditam que a meta proposta não é o suficiente.

publicidade

Leia mais

Na feira, a Airbus descreveu seu progresso em direção aos aviões a hidrogênio. Na oportunidade, foi apresentada a nova proposta de motor de ventilador aberto. Já a Boeing falou sobre um novo conceito de fuselagem para a década de 2030.

publicidade
Quais são os assentos mais seguros para viajar de avião?
Imagem: Have a nice day Photo/Shutterstock

Plano de descarbonização e ceticismo

  • A meta da indústria da aviação é atingir um nível no qual se produz o mínimo possível de emissões de gases de efeito estufa, garantindo o equilíbrio ambiental a partir de tecnologias de captura de carbono.
  • Um dos pilares do plano são os aviões novos e mais eficientes em termos de combustível. A expectativa é que, na década de 2030, a tecnologia limpa traga grandes avanços no setor. Para o futuro, ainda são esperadas aeronaves movidas a hidrogênio e híbridas-elétricas.
  • Outro ponto considerado fundamental é aumentar o uso de combustível de aviação sustentável, produzido a partir de fontes renováveis.
  • O governador de Washington, Jay Inslee, elogiou todas as soluções tecnológicas inovadoras visando a descarbonização apresentadas na Paris Air Show. “Estou tão inspirado para ver a criatividade que está passando: combustíveis líquidos sustentáveis, e-fuels, energia da bateria, células de combustível, você nomeia. Temos várias maneiras de fazer esse trabalho”, afirmou.
  • Já o chefe de vendas da Airbus, Christian Scherer, disse que ouviu uma mensagem consistente sobre o que precisa ser feito para descarbonizar e com que urgência. “A cristalização em torno desses temas está acontecendo. “Só precisamos mostrar nossa boa-fé”, garantiu.
  • No entanto, o CEO da Qatar Airways, Akbar Al Baker, parece não acreditar no plano proposto. Às vésperas da Assembleia Geral Anual da Associação Internacional de Transporte Aéreo, ele afirmou que o discurso da indústria sobre emissões líquidas zero até 2050 era um “exercício de relações públicas” e que “não será capaz de ser alcançado”.

Ambientalistas dizem que é preciso mais

  • Com a frota mundial de aviões projetada para dobrar apenas nas próximas duas décadas, Matteo Mirolo, gerente de aviação sustentável da Transport and Environment, principal grupo de defesa de transporte limpo da Europa, acredita que é necessário reduzir o número de voos para realmente impactar na luta contra as mudanças climáticas.
  • Durante participação no Paris Air Show, onde se encontrou com líderes do governo e da indústria, Mirolo destacou que “é muito mais simples não voar do que ter que passar por loops para produzir um combustível que está custando parte da energia que realmente precisamos para funcionar em um mundo de escassez de energia”.
  • Matteo Mirolo disse que seu apelo para reduzir os voos não é dizer às pessoas que elas não têm permissão para voar. Em vez disso, ele acha que os voos devem ser reduzidos por uma combinação de preços mais altos, pressão sobre as empresas para cortar viagens de negócios desnecessárias e mais impostos sobre jatos corporativos.
  • “Pedimos aos motoristas de automóveis, pelo menos na Europa, que paguem impostos pesados na bomba de combustível. Quão aceitável é para eles que alguém pilotando um jato particular não tenha que pagar os impostos sobre o querosene?”, questionou.

Metas complementares

  • A Europa impôs mandatos exigindo que as empresas de energia e companhias aéreas atinjam metas de 6% do combustível sendo SAF até 2030, aumentando para 70% até 2050. Também tem um esquema de cap-and-trade de emissões que penaliza cada vez mais financeiramente as empresas pelas emissões de carbono.
  • Os EUA, por outro lado, apostam na Lei de Redução da Inflação, que inclui incentivos para o uso de energia limpa, e várias leis estaduais, incluindo as da Califórnia e Washington, aumentando substancialmente os subsídios.
  • Para Julie Kitcher, vice-presidente executiva de sustentabilidade da Airbus, a lei é uma estrutura de política de curto prazo, garantida apenas até 2027, supondo que nenhuma mudança no governo dos EUA ocorra e modifique o atual cenário.
  • Já Nikita Pavlenko, líder do programa de Combustíveis do Conselho Internacional de Transporte Limpo, com sede em Washington, D.C., disse que a abordagem europeia tem mais probabilidade de produzir os resultados necessários, mas que “os americanos são mais reflexivamente totalmente contrários a qualquer tipo de regulamentação ou imposto vinculativo”.

Com informações de PHYS.ORG.

Já assistiu aos novos vídeos no YouTube do Olhar Digital? Inscreva-se no canal!