Uma mancha solar voltada para a Terra cresceu tão rapidamente no decorrer desta semana que já está 10 vezes maior que o nosso planeta. Segundo a plataforma de meteorologia e climatologia espacial Spaceweather.com, AR3354 é uma região ativa do Sol que surgiu na terça-feira (27) e se tornou gigante em pouco mais de 48 horas, oferecendo altíssimo risco de gerar erupções de classe X, o tipo mais violento de explosão solar.

Vídeo em lapso de tempo produzido por cientistas da NASA, com base em capturas feitas pelo Observatório de Dinâmicas Solares (SDO) da agência em pouco mais de 48 horas, mostra a evolução impressionante da mancha solar AR3354. Créditos: NASA/SDO/HMI/HelioViewer

Essa mancha está tão grande que astrônomos amadores com telescópios comuns são capazes de observar detalhes normalmente detectados apenas pelos maiores e mais potentes equipamentos do mundo.

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A captura abaixo, por exemplo, foi obtida na noite de quinta-feira (29) pelo austríaco Michael Karrer de seu observatório de quintal.

Mancha solar AR3354 capturada pelo astrônomo amador Michael Karrer em seu observatório de quintal na Áustria. Crédito: Michael Karrer

“Apesar de seu tamanho gigantesco, a mancha solar não foi tão fácil de fotografar quanto eu esperava”, disse Karrer na descrição da imagem publicada no Flickr. “O jato trouxe visão variável para o meu observatório. Mas, em alguns momentos de condições justas, consegui capturar essa imagem de alta resolução”.

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Pela foto de Karrer é possível ver que o centro da mancha solar não é completamente escuro, mas salpicado por “pontos umbrais” – bolas incandescentes de plasma subindo e descendo no núcleo da mancha solar, que os pesquisadores acreditam serem células de convecção turbulentas, que drenam calor de cerca de mil quilômetros abaixo. 

Além disso, a imagem também mostra centenas de “filamentos penumbrais”, que são tubos magnéticos finos que transportam energia para fora da mancha solar.

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O astrofotógrafo Mahdi Rahimi, do Irã, também fotografou a mancha solar AR3354. Segundo sua postagem no Instagram, “uma das cenas mais bonitas de se olhar e apreciar por horas é observar manchas solares”.

Na publicação, Rahimi afirma que o tamanho colossal dessa mancha permite que qualquer pessoa a veja, mesmo a olho nu (ou, quase nu, já que não é indicado olhar diretamente para o Sol, sendo recomendado o uso de óculos de proteção especiais).

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Ryan O’Horo, astrônomo amador e astrofotógrafo de Minneapolis, nos EUA, afirmou no Twitter que AR3354 já tem cerca de 1/3 do tamanho da histórica mancha solar de Carrington, que, em 1859, produziu a maior tempestade solar já registrada na Terra.

https://twitter.com/redteamwrangler/status/1674463117856714766

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O que são manchas solares?

O Sol tem um ciclo de 11 anos de atividade solar, e está atualmente no que os astrônomos chamam de Ciclo Solar 25. Esse número se refere aos ciclos que foram acompanhados de perto pelos cientistas.

No auge dos ciclos solares, o Sol tem uma série de manchas em sua superfície, que representam concentrações de energia. À medida que as linhas magnéticas se emaranham nas manchas solares, elas podem “estalar” e gerar rajadas de energia.

De acordo com a NASA, essas rajadas são explosões massivas do Sol que disparam partículas carregadas de radiação para fora da estrela. Os clarões (sinalizadores) são classificados em um sistema de letras estabelecido pela NOAA – A, B, C, M e X – com base na intensidade dos raios-X que elas liberam, com cada nível tendo 10 vezes a intensidade do último. 

Essas erupções enviam partículas carregadas de radiação solar à incrível velocidade de 1,6 milhão de km/h, podendo atingir até mais nos casos de sinalizadores de maior classificação.

As erupções solares às vezes são acompanhadas por ejeções de massa coronal (CMEs), que são nuvens de plasma magnetizado que podem levar até três dias para chegar à Terra.

Dependendo da potência com que chegam por aqui, as CMEs desencadeiam tempestades geomagnéticas na atmosfera de maior e menor proporção. Essas tempestades geram belas exibições de auroras, mas também podem causar apagões de energia e em sistemas de comunicação, prejudicar astronautas em atividades extraveiculares na Estação Espacial Internacional (ISS) e até mesmo derrubar satélites da órbita da Terra.

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