O Threads, rede social rival do Twitter, fez sucesso após seu lançamento pela Meta na semana passada. Agora, a plataforma dependente do Instagram precisa provar que pode criar uma identidade autêntica e persuadir os usuários a ficar nela.

Para quem tem pressa:

  • Quando a Meta lançou o Threads, foi um sucesso: em cinco dias, 100 milhões de usuários se inscreveram;
  • Para efeito de comparação, o Twitter juntou 500 milhões de usuários em dez anos de existência;
  • No entanto, a nova rede social da Meta enfrenta um novo desafio: manter seus usuários engajados na plataforma;
  • Neste ponto, o Twitter ainda está na vantagem por ter engajamento real de figuras públicas, celebridades e políticos.

O Threads atingiu 100 milhões de usuários nos seus primeiros cinco dias de existência. O Twitter, que existe há mais de uma década, tem cerca de 500 milhões.

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Ainda assim, é cedo para o novo aplicativo. E o Threads deve se preparar para enfrentar alguns dos mesmos desafios que outras plataformas enfrentam, incluindo o Twitter.

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Threads: sucesso e desafios

Montagem com ilustração sobre o Threads num iPhone
(Imagem: Divulgação/Meta)

O sucesso inicial do Threads foi impulsionado em parte pela turbulência no rival Twitter e algumas vantagens estruturais.

Isso porque a nova rede social exige que os usuários tenham uma conta no Instagram, o que facilita a inscrição. E o Instagram tem mais de dois bilhões de usuários para oferecer.

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No entanto, a plataforma pode se tornar, aos poucos, mais semelhante às demais. Com isso, o interesse do usuário vai embora.

À medida que mais pessoas acessam a plataforma, precisa aplicar políticas de moderação e começar a lançar recursos e anúncios de parceria comercial. E a plataforma se torna cada vez mais familiar com o que já conhecemos.

Lia Haberman, que ensina marketing de mídia social na Universidade da Califórnia

Os grandes aplicativos de mídia social – YouTube, Twitter e TikTok, por exemplo – enfrentaram escrutínio do Congresso dos EUA sobre como lidam com os dados do usuário, moderação de conteúdo e muito mais.

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Em junho, os senadores pediram informações à Meta após o The Wall Street Journal informar que o Instagram ajuda a conectar uma vasta rede de pedófilos.

Além disso, o Twitter tem lutado para obter lucro durante a maior parte de sua história.

Threads e Twitter

Celular com logomarca do Threads e, ao. fundo, imagem com logomarca do Twitter
(Imagem: Reprodução/Economic Times)

Visualmente, Threads e Twitter são semelhantes e funcionam de maneira semelhante. Ambos são plataformas de um para muitos com foco em texto que permitem aos usuários postar fotos e vídeos também.

No entanto, as chefias de ambas se manifestaram recentemente para ressaltar suas diferenças.

A CEO do Twitter, Linda Yaccarino, postou que a rede social é “imitada com frequência“.

“No Twitter, a voz de todos importa.

Esteja você aqui para assistir ao desenrolar de alguma história, descobrir informações em tempo real, compartilhar suas opiniões ou aprender sobre outras pessoas – no Twitter você pode ser real.

Você construiu a comunidade do Twitter. E isso é insubstituível. Esta é a sua praça pública.

Muitas vezes somos imitados – mas a comunidade do Twitter nunca poderá ser duplicada”.

A Meta posicionou sua nova rede social como uma plataforma com um ethos diferente do Twitter.

O Threads “não fará nada para encorajar” conversas sobre política nem compartilhamento de notícias. É o que disse Adam Mosseri, head do Instagram, para Alex Heath, editor do site The Verge, numa conversa na própria rede social.

Post by @mosseri
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“O objetivo não é substituir o Twitter. O objetivo é criar uma praça pública para comunidades do Instagram que nunca usaram o Twitter de verdade e para comunidades no Twitter (e outras plataformas) que estão interessadas num lugar menos raivoso para conversas, mas não todo o Twitter.

Política e notícias do dia inevitavelmente aparecerão no Threads – também aparecem no Instagram até certo ponto – mas não faremos nada para encorajar isso”.

Percepção do público

Montagem com recursos e feed do Threads
(Imagem: Divulgação/Meta)

Alguns usuários já notaram o tom diferente do Threads.

“Parece quase um grande bate-papo em grupo”, disse Ellen V Lora, criadora de conteúdo de moda com mais de 460 mil seguidores no Instagram.

Ela disse que a capacidade de transferir seguidores rapidamente para o Threads fez com que parecesse uma “adição natural”, ao contrário do Twitter, onde ela nunca ganhou força.

Os líderes de cada empresa reforçaram publicamente o contraste. O presidente-executivo da Meta, Mark Zuckerberg, definiu sua nova rede social como “um espaço público aberto e amigável” e tem respondido com comentários positivos às pessoas que aderiram ao aplicativo.

Já Elon Musk respondeu com uma farpa típica:

É infinitamente preferível ser atacado por estranhos no Twitter do que se entregar à falsa felicidade de esconder a dor no Instagram.

O cerne da questão

Montagem com ilustração sobre o Threads num iPhone
(Imagem: Divulgação/Meta)

O status do Twitter como uma plataforma influente inclui o envolvimento de figuras públicas, celebridades e políticos.

Essa configuração conferia a sensação de que conversas importantes (ou colapso público) estavam acontecendo em tempo real e os usuários não queriam ficar de fora.

A Meta acha que o público do Threads pode exceder em muito o do Twitter. O Instagram tem mais de dois bilhões de usuários, disse Zuckerberg numa teleconferência em outubro.

Isso é quase quatro vezes mais usuários ativos mensais do que o Twitter, de acordo com uma apresentação que a empresa fez aos anunciantes em junho.

O Threads passou no teste inicial: captar a atenção dos usuários das redes sociais. Mas o verdadeiro teste será se eles permanecerão no aplicativo por muito tempo, disse Rich Greenfield, cofundador da Lightshed Partners, uma empresa de tecnologia e pesquisa.

Ele acrescentou:

É totalmente irrelevante quantas pessoas se inscrevem. O que importa é o nível de engajamento e interação.

Para Haberman, o professor da UCLA, o Threads “não é realmente uma praça na cidade, é um negócio com fins lucrativos.”

Por ora, no Brasil, a impressão que se tem é:

Com informações de The Wall Street Journal

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